Espanha proíbe fumar nas ruas e fecha bares em todo o país
O ministro da Saúde de Espanha, Salvador Illa, anunciou esta sexta-feira 11 medidas e três recomendações após uma região de urgência com as comunidades autónomas perante o aumento dos casos de coronavírus no país. Entre as medidas estão o fecho de bares e discotecas e a proibição de fumar nas ruas para todo o país, se a distância de dois metros não puder ser respeitada, e dos botellones.
"Anuncio que pela primeira vez decidimos adotar atuações coordenadas em matéria de saúde pública e estas medidas foram aceites por unanimidade", começou por dizer.
"Que fique claro: beber na rua está proibido, não se pode beber na rua", disse o ministro, que fez também três recomendações: limitar as confraternizações ao grupo de convivência mais próximo, que os ajuntamentos tenham um máximo de 10 pessoas e que os trabalhadores dos centros de saúde sejam testados com frequência.
Salvador Illa agradece "sobretudo às pessoas de terceira idade pelo estrito cumprimento das medidas" e dirigiu-se aos jovens para sublinhas a importância de haver disciplina. "Não podemos não cumprir as medidas", insistiu, instando as comunidades a aplicar sanções perante os botellones.
"As medidas que estou a anunciar hoje são válidas para todo o território de Espanha", vincou, depois de algumas comunidades autónomas terem implementado medidas isoladamente.
"A situação não é comparável com a que tínhamos em abril", diz o ministro, que explica que agora os casos são mais leves, em pessoas mais jovens, e que se detetam precocemente. "Isto não quer dizer que não tenhamos de nos preocupar", alertou.
Foi a segunda vez nesta semana que Illa se reúne com os representantes regionais, após a reunião de quarta-feira dedicada a rever a situação dos surtos.
Esta decisão chega num momento particularmente delicado. Por um lado, os dados sobre a evolução da pandemia na Espanha continuam a piorar. Nesta quinta-feira, as várias comunidades relataram 2.935 novos positivos de covid-19 nas últimas 24 horas.
Há que remontar ao final de abril para encontrar um número maior de novos casos. Esta situação levou nove sociedades científicas a emitir esta quinta-feira um comunicado no qual alertavam para um possível colapso do sistema de saúde semelhante ao de abril e maio deste ano, embora nesta quinta-feira o diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde, Fernando Simón, tenha descartado esse colapso, afirmando que atualmente apenas 3% dos recursos do hospital são dedicados a pacientes com covid.
Todas as comunidades autónomas estão sujeitas a surtos mais ou menos extensos. No total, estão 837 surtos ativos, de acordo com a última contagem do ministério da saúde, com mais de 9.200 pessoas afetadas. Esta situação tem levado algumas comunidades a decretarem confinamentos locais. Porém, essas medidas têm de ser autorizadas por um juiz, e a decisão deste nem sempre coincide com o que é pedido pelas autoridades autónomas, como aconteceu com a ideia da Junta de Castela e Leão de confinar Aranda de Duero (Burgos) por duas semanas, prazo que o juiz reduziu para uma semana.
Além disso, a recuperação das competências em gestão de crise por parte comunidades a partir do fim do estado de alerta no dia 21 de junho causou uma diferença significativa nas medidas tomadas, à qual se juntou esta semana a proibição de fumar ao ar livre decidida pela Galiza e apoiada neste momento pelas Ilhas Canárias. Já na conferência de imprensa com Fernando Simón, na quinta-feira, foi sugerido que o ministério homogeneizasse essas e outras medidas possíveis, o que as tornaria mais compreensíveis para a população.
Espanha registou esta quinta-feira o maior número de infeções de covid-19 desde o final de maio, com 2935 novos casos nas últimas 24 horas, anunciou o Ministério da Saúde, ressalvando que o balanço inclui dados de Madrid relativos a quarta-feira.
Portugal contabilizou esta quinta-feira 325 novos casos da infeção - o que corresponde a uma média de 31 infetados por milhão de habitantes. Espanha regista uma média de 62 infetados por milhão de habitantes.
Metade das pessoas a quem foi detetada a infeção nos últimos dias no país vizinho não apresenta sintomas, segundo avançou o epidemiologista Fernando Simon, em conferência de imprensa realizada esta quinta-feira.
No total, Espanha soma 337 334 infetados desde o início da pandemia.
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais seis pessoas e foram confirmados mais 325 casos de covid-19 (um crescimento de 0,6% em relação ao dia anterior). É o maior número de infeções diárias desde 16 de julho, ou seja, é preciso recuar 28 dias para encontrar um valor mais elevado (339 casos).
Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quinta-feira (13 de agosto), no total, desde que a pandemia começou, registaram-se em Portugal 53 548 infetados, 39 177 recuperados (mais 237) e 1770 vítimas mortais.