Milhares no funeral do guarda-redes que se tornou "cantor da revolução"
Milhares de pessoas concentraram-se neste domingo no funeral de uma estrela do futebol sírio que se tornou combatente, transformando-se num ícone da revolução contra o Presidente Bashar al-Assad.
Abdelbasset al-Sarout, 27 anos, morreu no sábado na sequência de ferimentos sofridos no nordeste do país, onde uma ofensiva do exército tem vindo há semanas a fustigar os últimos grandes bastiões dos rebeldes.
Outrora um conhecido guarda-redes da cidade de Homs, Sarout ganhou um novo tipo de fama quando o levantamento popular contra a liderança de Assad irrompeu em 2011. Foi apelidado de "cantor da revolução" por cantar baladas em comícios em que elogiava ativistas mortos e demonizava o presidente.
Após a dura repressão dos protestos por Hassad, Sarouk pegou em armas e tornou-se num homem procurado. O seu percurso refletiu a evolução em espiral desde o levantamento popular até um conflito armado até à morte entre Damasco e a miríade de milícias e grupos de guerrilheiros que surgiram.
Sarouk foi transferido de um hospital na Turquia, que apoia a oposição, atravessando a fronteira neste domingo, com uma caravana de carros e motorizadas a seguirem o caixão até à Síria.
As pessoas cantaram, buzinaram e agitaram bandeiras a caminho do funeral na cidade fronteiriça de al-Dana, onde um dos irmãos de Sarout está enterrado. Quatro dos seus irmãos e o seu pai já tinham morrido combatendo as forças pró-governo.
Multidões subiram aos telhados das casas para observarem o corpo de Sarout, envolvido numa manta branca, a ser transportado através da cidade. Rebeldes da sua fação, a Jaish al-Izza, dispararam para o ar.
Na mesquita, homens, incluindo combatentes de uniforme, ajoelharam-se em frente ao seu corpo para rezarem, alguns deles chorando.
"Todos nós conhecemos as canções de Sarout e os seus dotes vocais. Hoje é uma grande perda, um dia triste para a revolução Síria. Perdemos um dos seus ícones", disse o ativista Ali al-Zajel no funeral.
Com o apoio da Rússia e do Irão, as forças armadas de Assad reclamaram a maior parte da Síria, esmagando os enclaves da oposição nos últimos anos.