Um dos Médicos Sem Fronteiras a bordo do navio Aquarius, o barco que Itália e Malta recusam receber, assegura que, a partir de terça-feira, não há "comida suficiente" para os 629 migrantes a bordo.."Temos água e comida para todos, mas só para hoje, porque já não vai ser suficiente para amanhã" (terça-feira), disse o médico norte-americano, David Beversluis, entrevistado pela agência EFE, acrescentando que "isso é o mais importante" neste momento..O Aquarius, que transporta 629 migrantes, 123 dos quais menores, resgatados do Mediterrâneo ao longo do dia de sábado, foi proibido no domingo de atracar num porto de Itália e instruído a manter-se em alto mar, a 35 milhas de Itália e a 27 milhas de Malta, segundo a ONG francesa responsável pelo navio, SOS Mediterranée..Itália pediu a Malta que acolha os migrantes, mas Malta sustenta que a responsabilidade é de Itália porque as operações de salvamento dos migrantes ocorreram numa zona marítima coordenada por Roma..O ministro do Interior de Itália, Matteo Salvini, também líder do partido nacionalista xenófobo Liga, repetiu hoje de manhã, numa nova mensagem no Twitter, que não faz tenções de ceder: "Salvar vidas é um dever, transformar Itália num enorme campo de refugiados, não"..Beversluis afirmou na entrevista que a situação dos migrantes "é estável", mas advertiu que ela pode agravar-se, com o acumular de dias no mar e a falta de condições no navio, com capacidade para 500 pessoas..A maioria dos migrantes apresenta sintomas de desidratação, cansaço e enjoo, situações a que o pessoal médico no navio pode dar assistência, mas, segundo o médico, "o confinamento e stress" criados pela permanência no mar podem agravar outras situações..Citou como exemplo pessoas mais vulneráveis, como os 11 bebés e sete grávidas a bordo, assim como "15 pessoas com queimaduras provocadas pela mistura entre a água do mar e o gasóleo" durante o resgate..Beversluis referiu também situações de pessoas com fraturas, que "teriam de ser operadas nos próximos dias", o que "evidentemente não pode ser feito aqui".