Médicos pedem ao governo britânico que prepare o país para nova vaga
O pedido dos profissionais de saúde surge um dia depois do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciar a reabertura no início de julho de bares, restaurantes, cabeleireiros, museus e cinemas.
Profissionais de saúde pediram esta quarta-feira à classe política britânica que prepare o Reino Unido para o "risco real" de uma segunda vaga da pandemia do novo coronavírus quando o país está prestes a entrar numa fase importante do desconfinamento.
Um dia após o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciar a reabertura no início de julho de bares, restaurantes, cabeleireiros, museus e cinemas -- encerrados desde o final de março -, representantes da classe médica escreveram uma carta aberta na publicação especializada British Medical Journal.
"Embora seja difícil prever o formato da pandemia no Reino Unido, as evidências disponíveis mostram que os focos são cada vez mais prováveis e que uma segunda vaga constitui um risco real", escreveram os signatários, entre os quais o presidente da Associação Médica Britânica, que representa os médicos do Reino Unido.
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"Agora, não se trata apenas de lidar com as importantes repercussões da primeira fase da pandemia, mas também de garantir que o país esteja adequadamente preparado para conter uma segunda fase", acrescentaram.
Reino Unido com mais de 42 mil mortos
Os signatários pedem o estabelecimento de uma comissão "construtiva" e "não partidária" que produzirá uma avaliação a partir de agosto e no final de outubro, o mais tardar.
"Esta deve concentrar-se em áreas com fragilidades, onde são necessárias ações urgentes para evitar novas mortes e restaurar a economia o mais completa e rapidamente possível", referiu a carta.
Este apelo ocorre um dia após o anúncio do Governo, criticado pela sua gestão da pandemia, da etapa mais importante do desconfinamento que ocorrerá a partir do dia 4 de julho.
Com 42.927 mortes e ainda mais de 52.000 casos de covid-19, incluindo casos suspeitos, o Reino Unido lamenta o maior número de mortes na Europa devido à doença. Entretanto, o Governo acredita que fez progressos suficientes contra o vírus para aliviar as medidas de contenção.
O ministro das Empresas, Alok Sharma, reconheceu esta quarta-feira numa entrevista à BBC que "ainda existem riscos", mas que o Governo adotou uma abordagem "cautelosa".
Medidas de desconfinamento não estão isentas de riscos, diz governo
Numa conferência de imprensa na terça-feira, o chefe dos serviços de saúde ingleses, Chris Whitty, disse que essas novas medidas de flexibilização não ocorrerão "sem risco" e que o vírus provavelmente continuaria presente "até a próxima primavera".
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 477 mil mortos e infetou mais de 9,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.540 pessoas das 39.737 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.