May defende deputado acusado de fraude na vitória sobre Farage
Em 2015, o então líder do UKIP, Nigel Farage, falhou a eleição para o Parlamento britânico pela circunscrição de South Thanet por 2812 votos. A vitória coube ao conservador Craig Mackinlay, que ontem foi acusado de fraude nas despesas dessa campanha eleitoral e, caso seja condenado, pode enfrentar uma pena de um ano de prisão. O deputado nega as acusações e a primeira-ministra britânica, Theresa May, saiu em sua defesa, dizendo que ele é "inocente até ser provado que é culpado e continuará a ser o candidato conservador", procurando a reeleição. O caso é mais um problema num final de campanha marcado pela queda dos Tories nas sondagens.
Mackinlay e dois assessores são acusados de gastar mais do que o permitido na campanha de 2015 - apresentando como despesas nacionais algo que deveria ter entrado nas despesas locais. O candidato diz que não fez nada de errado e que a campanha continua, criticando a procuradoria por uma decisão em cima das eleições da próxima quinta-feira. Os procuradores lembraram que tinham até dia 11 para apresentar uma acusação. "Concluímos que existem provas suficientes e que é do interesse público autorizar as acusações contra três pessoas", indicou um dos responsáveis à BBC.
Farage mostrou-se satisfeito e, apesar de não estar a tentar novamente ser eleito este ano, diz que agora esta circunscrição está em aberto, falando numa luta entre o UKIP e o Labour. Já o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, criticou a reação de Theresa May e dos conservadores: "Acho que é muito mau quando políticos democraticamente eleitos começam a tecer comentários sobre processos judiciais independentes. Temos que ter uma separação total dos poderes político e judicial neste país."
Esta pode ser mais uma dor de cabeça para a primeira-ministra, que tem vindo a cair nas sondagens. Os conservadores (45%) estão apenas cinco pontos percentuais à frente dos trabalhistas (40%), segundo a última sondagem Ipsos MORI. Há duas semanas a vantagem era de 15 pontos. Segundo os analistas, os Tories estão a perder entre os eleitores de meia idade e as mulheres, depois da polémica "taxa de demência", que aumentaria os custos dos serviços sociais aos mais idosos, e da proposta de cortar o programa de refeições gratuitas nas escolas. E a popularidade de May está em queda - 50% não estão satisfeitos, contra 43% que estão. Ainda assim melhor que Corbyn: 50% e 39%.
Na projeção da YouGov em relação ao número de deputados, os conservadores surgem com 313, a 13 da maioria. O Labour tem 257. Recorde-se que Theresa May tinha uma maioria de 17 deputados quando, em abril, antecipou as eleições para reforçar o mandato do brexit. Na altura, estimava-se que pudesse conquistar uma maioria de 140.