Número de mortes abranda em Itália mas dispara em grandes cidades
Itália registou mais 683 mortes e 5.210 casos de infeção por covid-19 nas últimas 24 horas, anunciaram esta quarta-feira as autoridades. Em relação ao dia anterior, houve menos 60 mortes e 39 casos confirmados. O número total de óbitos é agora de 7.503.
O número total de casos confirmados na Itália subiu para 74.386. Destes, 9.362 já recuperaram.
O aumento geral diário de mortes e casos confirmados diariamente tem vindo a diminuir. Com os números desta quarta-feira, o aumento geral de mortes diárias é agora de 10%, o menor registo desde 27 de fevereiro. E a taxa de infeções diárias caiu para 7,5%, um número encorajador aos olhos do vice-presidente da Organização Mundial de Saúde, Ranieri Guerra. "A desaceleração na taxa de crescimento (de infeções) é extremamente positiva", afirmou, em declarações à rádio italiana Capitale e citadas pela AFP.
O Conselho Nacional de Investigação, administrado pelo governo, disse que 57 das 107 províncias de Itália já atingiram o pico da propagação do vírus e que "as medidas de de contenção estão a começar a produzir o efeito desejado".
Porém, o número de mortes está a disparar em grandes cidades no centro e no sul do país, como a capital Roma e Nápoles. Em Roma subiram de 63 para 95 nas últimas 48 horas e em Nápoles de 49 para 74 em igual período.
O país está assim longe de conseguir controlar a epidemia, apesar das medidas restritivas que mantém desde o final de fevereiro, e que foram sendo progressivamente agravadas pelo governo de Giuseppe Conte até ao isolamento total, decretado a 9 de março.
Embora no último domingo e segunda-feira o aumento do número de novos casos e de mortes tenha sido um pouco menor, no que parecia já uma tendência - os novos casos foram respetivamente 5560 e 4789, enquanto as mortes ficaram em 651 e 601 -, os dados voltaram a crescer mais esta terça-feira, deitando por terra a ideia de que as medidas tomadas pelo governo estariam finalmente a dar resultado, como chegou a ser dito pelas autoridades italianas esta segunda-feira.
Enquanto os números continuam a aumentar e a vida segue nos mínimos, com tudo fechado, à exceção de supermercados e mercearias, farmácias e bancos, e todas as atividades culturais, desportivas e outras adiadas para data incerta, num futuro também ele incerto, as autoridades italianas estão, em plena crise, e com caráter de urgência, a tentar fortalecer o seu sistema de saúde à beira do colapso, para poderem dar resposta à avalanche dos doentes.
Essa foi a palavra de esperança que o comissário indigitado pelo governo italiano para a emergência do coronavírus, Domenico Arcuri, deixou esta terça-feira numa conferência de imprensa em Roma, na sede da Proteção Civil.
"Precisamos de mais máquinas, de mais camas, de mais pessoal. Temos de iniciar uma revolução no nosso sistema hospitalar", lançou Domenico Arcuri.
Essa revolução já se iniciou e começa a dar frutos, com um aumento de equipamentos nos hospitais que resultou em mais 64% de vagas para cuidados intensivos, que passaram de 5343 no início desta crise para 8370 neste momento. Já o número de camas em pneumologia "quadruplicou", afirmou Arcuri, explicando que elas passaram de "de 6.625 para 26.169".
O responsável anunciou também que que 500 enfermeiras voluntárias e 300 médicos reforçarão nos próximos dias o corpo clínico nas regiões mais afetadas, no norte do país. Resta saber se isso será suficiente.
Portugal tem 2995 infetados, 43 mortos e 22 recuperados da infeção causada pelo novo coronavirus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta quarta-feira (25 de março), que inclui os dados recolhidos até às 24:00 do dia anterior. Nas últimas 24 horas, foram confirmados mais 630 casos - um aumento 27% face ao dia de ontem - e registadas mais 10 mortes. E é com estes dados que o país entrará à meia-noite na terceira fase da pandemia, a de mitigação, que já prevê o contágio comunitário. Saiba aqui o que muda.