MacKenzie Bezos vai ser a mulher mais rica do mundo?

O anunciado divórcio de Jeff Bezos, CEO da Amazon e considerado o homem mais rico do mundo, virou os holofotes para a sua mulher, a escritora MacKenzie Bezos

O homem mais rico do mundo e CEO da Amazon, Jeff Bezos, anunciou na quarta-feira que se vai divorciar de MacKenzie Bezos, sua companheira há 25 anos. No Twitter, o casal garante que a amizade entre eles vai continuar. Mas, para além das questões amorosas, este divórcio terá um impacto considerável nas suas contas bancárias.

Como não há conhecimento de um acordo de divisão de bens feito antes do casamento, o mais provável é que o dinheiro e as propriedades sejam divididos igualmente entre os cônjuges - como costuma acontecer no estado de Washington, onde eles casaram. Assim, se hoje Bezos, de 55 anos, ocupa o primeiro lugar da lista de multimilionários da revista Forbes com uma fortuna avaliada em 135 mil milhões de dólares (mais de 117 mil milhões de euros), solteiro irá certamente perder o seu posto. Já MacKenzie Bezos, de 48 anos, irá, com a divisão de bens, muito provavelmente ganhar um lugar de destaque nesta lista.

Mas a verdade é que ela já é mesmo uma das mulheres mais ricas do mundo. Afinal, como se costuma dizer, "são precisos dois para dançar o tango". E a fortuna de Jeff Bezos não é obra de um homem só nem lhe pertence em exclusivo.

Foi amor à primeira gargalhada

Jeff e MacKenzie conheceram-se em Nova Iorque, antes da fundação da Amazon e ela teve um papel importante na empresa, principalmente nos primeiros anos. Tinha terminado os estudos em Princeton em 1992, tinha 23 anos e sonhava ser escritora mas precisava pagar as contas e por isso arranjou um emprego na D.E. Shaw, uma empresa recém-criada que geria fundos de investimento e onde Bezos já trabalhava. "O meu escritório era ao lado do dele e passava o dia a ouvir aquelas maravilhosas gargalhadas", recordou ela, mais tarde, numa entrevista.

Casaram-se seis meses depois e no ano seguinte deixaram o apartamento no Upper West Side de Manhattan e uma vida confortável e mudaram-se para Seattle, para começar uma nova empresa: uma livraria online. "A única razão pela qual [Jeff] pôde fazer isso foi porque tinha uma esposa que o apoiava incondicionalmente. Foi um risco incrível que eles decidiram correr juntos", escreve Brad Stone no livro The Everything Store: Jeff Bezos and the Age of Amazon, publicado em 2013.

Em Seattle, Jeff arrendou uma garagem para instalar a Amazon e MacKenzie participou no processo desde o início - foi ela que tomou conta da contabilidade da empresa nos primeiros tempos e negociou os primeiros contratos da Amazon com a Starbucks, por exemplo. Quando o livro de Brad Stone foi publicado, MacKenzie deixou uma crítica na página da Amazon. Deu-lhe apenas uma estrela e identificou inúmeros erros, mas lembrou o seu papel no nascimento da empresa: "Trabalhei para Jeff na D.E. Shaw, estava lá quando ele fez o plano de negócios [da Amazon] e trabalhei com ele e outras pessoas na garagem, no armazém, nos escritórios com cheiro a churrasco, nos centros de distribuição para o natal e nos balcões das salas de conferência nos primeiros anos da história da Amazon".

À medida que a empresa cresceu, outros funcionários foram contratados e MacKenzie deixou de estar tão presente no dia-a-dia, mas continuou a ser um pilar não só da Amazon como sobretudo de Jeff. Tiveram quatro filhos (três rapazes e uma rapariga) e MacKenzie escreveu dois romances: The Testing of Luther Albright, que ganhou o American Book Award em 2006, e Traps, em 2013. Por esta altura, a Vogue publicou um perfil desta mulher que poderia até ter escrito mais livros e ser uma autora de grande sucesso mas que optou por se dedicar à família, incluindo ensinar os filhos em casa por alguns períodos. Nas palavras de um amigo, citado pela Vogue: "A família é muito importante para Jeff e ele confia completamente nela [MacKenzie] para criar uma vida familiar estável". Jeff tomava sempre o pequeno-almoço com a família e era ele quem lavava a loiça

MacKenzie acompanhava o marido em vários eventos públicos mas, de uma maneira geral, preferia manter a sua privacidade e não aparecer. Recentemente, o casal também se tem dedicado à filantropia, financiando por exemplo investigações científicas e recolhendo fundos para os sem-abrigo. E MacKenzie Bezos lançou uma campanha contra o bullying, denominada Bystander Revolution.

Uma fortuna a dividir por dois?

De acordo com a legislação do estado de Washington, onde é provável que entre o processo de divórcio, e não havendo um acordo pré-nupcial, os bens adquiridos durante um longo casamento são geralmente divididos igualmente entre os dois elementos do casal. "O objetivo do tribunal quando há uma fortuna considerável é que dois esposos num casamento longo, de 20 anos ou mais, após o divórcio, consigam ficar bem na vida e que a divisão seja justa, tendo em conta o contexto do casamento", explicou ao The Guardian um advogado especialista em Direito da Família.

Mas não é fácil dividir esta fortuna ao meio. Além do enorme património (casas, contas bancárias e outros bens), com o divórcio, MacKenzie poderá ter também mais poder na Amazon. Grande parte da fortuna do CEO está em ações da Amazon - Jeff Bezos detém cerca de 79 milhões de ações da empresa, o que representa uma participação de 16%. O segundo maior acionista atualmente é o fundo Vanguard, com 6%. Os especialistas consultados pelo Business Insider afirmam que MacKenzie poderá receber metade das ações, ou seja, 8% de participação na gigante do comércio eletrónico.

Outra opção é Bezos vender metade de suas ações e MacKenzie receber a sua parte em dinheiro. Se a escolha do casal for pela venda de ações, o preço dos ativos da empresa deve cair e os analistas dizem que Bezos quererá evitar esta solução.

Existe também a opção de o casal fazer um acordo pós-nupcial e combinar outro tipo de divisão da fortuna. Jeff Bezos pode alegar que o valor das ações da Amazon se deve ao seu trabalho pessoal e que estas não devem entrar nas contas do divórcio (MacKennzie estará disposta a abdicar de parte da fortuna?). Ou então podem não chegar a qualquer acordo e entrar num processo de divórcio litigioso.

Tendo em conta a mensagem do Twitter do casal, essa hipótese é pouco provável mas, como afirmou ao Business Insider Deirdre Bowen, professora de Direito da Universidade de Seattle, nos casos de divórcio tudo pode mudar a qualquer momento. Há traições que se descobrem (e os sites de fofocas já começaram a falar da nova namorada de Bezos), rancores que aparecem. Ainda há que ter em conta quem vai ficar com a guarda dos filhos.

Uma coisa é certa: na próxima vez que se fizer uma lista dos mais ricos do mundo, é muito provável que o nome de MacKenzie Tuttle (este é o seu apelido de solteira) apareça.

De acordo com a Forbes, atualmente a mulher mais rica do mundo é Françoise Bettencourt Meyers, herdeira da L'Oreal, que detém 42,2 mil milhões de dólares (mais de 36,6 milhões de euros). A maioria das mulheres que estão nesta lista conseguiram a sua fortuna através de heranças ou do divórcio.

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