Lula defende Bolsonaro no caso de interferência na Polícia. "Moro mentiu"
O antigo chefe de Estado brasileiro Lula da Silva, um forte critico do atual Governo, defendeu hoje o Presidente, Jair Bolsonaro, no caso em que é acusado pelo ex-ministro Sergio Moro de interferência na Polícia Federal.
Lula defendeu o direito de Jair Bolsonaro indicar o diretor-geral da Polícia Federal e afirmou que Moro criou uma "pirotecnia" ao acusar o chefe de Estado de tentar interferir na polícia para proteger a sua família.
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"Ele (Moro) poderia ter demonstrado seriedade quando virou 'bolsonarista' (apoiante de Bolsonaro). Ele é tão medíocre que quando saiu (do Governo de Bolsonaro) tentou criar mais uma pirotecnia com o apoio da rede Globo: 'Ah, eu vou sair porque o Bolsonaro quer indicar o diretor-geral da Polícia Federal'", declarou o ex-presidente, numa entrevista ao 'site' DCM, transmitida virtualmente.
"É importante lembrar que o Presidente da República tem o direito de indicar o diretor da Polícia Federal, sim. Eu indiquei duas vezes e nunca pedi nem orientei, porque eles têm autonomia. E porque é que o Moro achava que podia e o Bolsonaro não podia? Tentou ganhar a opinião pública mentindo outra vez", advogou Lula, que já foi condenado por corrupção por Sergio Moro, quando este era juiz na Operação Lava Jato.
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É isso! Concordo com o @LulaOficial e não se fala mais nisso! Ninguém solta a mão de ninguém nessa porra! pic.twitter.com/0RY2Z8XQsd
Em causa estão declarações do antigo juiz e ex-ministro da Justiça do executivo de Bolsonaro, Sergio Moro, que acusou o atual Presidente de "interferência política na Polícia Federal", na sequência da demissão do ex-chefe daquela instituição Maurício Valeixo.
Na ocasião, em abril último, Moro pediu demissão e afirmou que Bolsonaro exonerou a liderança da Polícia Federal porque pretendia ter acesso a investigações judiciais, algumas das quais a envolver os filhos ou aliados.
"O Presidente disse-me, mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contacto pessoal dele [para quem] ele pudesse ligar, [de quem] ele pudesse colher informações, [com quem] ele pudesse colher relatórios de inteligência. Seja o diretor [da Polícia Federal], seja um superintendente", declarou Moro, quando pediu a demissão no final de abril.
Após essa acusação, o Supremo Tribunal Fedetal (STF) abriu um inquérito para apurar a suposta interferência, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
Após serem ouvidos vários ministros, deputados e delegados, o STF determinou na semana passada que Bolsonaro se apresente presencialmente para depor no inquérito.
A Polícia Federal é um órgão autónomo, subordinado ao Ministério da Justiça, embora o diretor seja nomeado pelo Presidente da República.
Lula da Silva foi condenado em dois processos por corrupção, e está a ser alvo de pelo menos outras sete investigações. Esteve preso durante 580 dias, tendo sido colocado em liberdade em novembro passado.
Lula da Silva sempre negou todas as acusações e diz ser vítima de perseguição judicial executada por pessoas que têm ambições políticas.
Lançada em 2014, a operação Lava Jato trouxe a público um enorme esquema de corrupção de empresas públicas, como a Petrobras, implicando dezenas de altos responsáveis políticos e económicos, e levando à prisão de muitos deles, como o antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado pelo antigo juiz Sergio Moro.