O nome de Lula da Silva esteve em cima da mesa para assumir um ministério no governo Dilma Rousseff. A ideia, abordada nas reuniões dos últimos dois dias entre o ex-presidente, a atual chefe de Estado e a cúpula do executivo e do Partido dos Trabalhadores (PT), deixaria Lula com foro privilegiado, ou seja, a responder judicialmente apenas perante a mais alta corte do Brasil, o Supremo Tribunal Federal. E, portanto, a salvo dos procuradores e juízes que conduzem, em primeira instância, o escândalo de corrupção da Petrobras na operação Lava-Jato..Os três maiores jornais brasileiros, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O Globo avançaram com a possibilidade nas suas edições online ao longo do dia de ontem. "Ministros do círculo próximo tanto de Dilma como do seu antecessor entraram numa verdadeira operação para convencê-lo a aceitar a oferta. No centro do governo há fortes temores de que a Lava-Jato possa tentar levar Lula à prisão", noticiou a Folha na coluna Painel, que relata os bastidores do Palácio do Planalto..O jornal O Estado de S. Paulo sublinhou que Dilma aceitou a ideia dos conselheiros governamentais e petistas, citando um deles a confirmar off the record a operação, mas que é Lula quem, por agora, resiste por achar que "pode passar a impressão de confissão de culpa"..[artigo:5067338].Artigo no blogue do jornalista Ricardo Noblat, em O Globo, referiu que "Lula só não será ministro de Dilma se não quiser" e avançou com a possibilidade de o ex-presidente assumir "a pasta da Justiça". Ou seja, passaria de investigado pela Polícia Federal e por Sérgio Moro a responsável pela tutela tanto do organismo como do juiz que coordena a Lava-Jato. E recordou que já em 2014, antes da tomada de posse como presidente, Dilma chegou a oferecer um ministério à escolha de Lula mas que ele rejeitou..Mais tarde, circulou a informação, por confirmar oficialmente até ao fecho desta edição, que Lula havia decidido rejeitar a oferta..Herói e mártir.Enquanto isso, Lula vai assumindo a condução da estratégia para combater o impeachment da sucessora e as acusações de que é alvo na Lava-Jato. Na noite de terça-feira, esteve reunido com a presidente e com o núcleo duro do governo durante três horas para delinear os próximos passos em relação aos dois casos..E poucas horas depois já se encontrava ao pequeno-almoço com Renan Calheiros, presidente do Senado e figura influente do Partido do Movimento da Democracia Brasileira (PMDB), na tentativa de garantir o seu apoio e, assim, suster o ímpeto parlamentar que a tese do impeachment ganhou na última semana com as revelações na Lava-Jato e o agravamento da crise económica..Mas, antes dessas reuniões, Lula fez saber que a condução coercitiva de que foi alvo na sexta-feira serviu para injetar ânimo no partido e não o contrário. Através de um amigo não identificado citado pela imprensa, o ex-presidente lançou uma frase de efeito: "A partir de agora, se me prenderem, eu viro herói; se me matarem, viro mártir; e, se me deixarem solto, viro presidente.".[artigo:5065815].Na sexta-feira, Lula fora forçado pela justiça a depor por, segundo a investigação da Lava-Jato, ser suspeito de ter recebido benefícios em casas de que usufrui de construtoras envolvidas no escândalo da Petrobras..Os contornos da delação premiada de Delcídio do Amaral, senador do PT detido e entretanto solto na Lava-Jato que num primeiro momento implicou Lula e Dilma no escândalo, chegam ao domínio público a conta-gotas. E desta vez implicam Aécio Neves, presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), maior força da oposição. "Não me intimidam", reagiu..Além de Aécio, que tem sido contundente nas acusações a Lula e Dilma sobre o caso, foram ainda mencionados por Delcídio quatro barões do PMDB, entre eles Renan Calheiros..São Paulo