Luaty garante que passaria de novo "pelo mesmo suplício"

Ativista falou à TSF após tribunal de Luanda ter decidido manter ordem de prisão domiciliária. "Só li um livro", recorda o <em>rapper</em>.
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O ativista angolano Luaty Beirão deu a sua primeira entrevista gravada desde que foi detido, em junho de 2015, tendo declarado que "faria tudo de novo" - "voltaria a passar pelo mesmo suplício", disse à rádio TSF, de Lisboa, salientando que só "li um livro, por amor de Deus! Li um livro!".

Luaty Beirão, que esteve 36 dias em greve de fome como protesto daquilo que classificou como uma detenção arbitrária, diz estar a "ser perseguido por querer um país mais justo". Luaty falava à TSF, depois de saber que o tribunal, onde ele e mais 16 ativistas estão a ser julgados por "atos preparatórios de rebelião", decidiu mantê-lo a ele a 14 outros dos acusados em prisão domiciliária. As duas únicas mulheres acusadas encontram-se em liberdade.

Luaty decidiu falar à rádio portuguesa por considerar que "chega uma altura em que riscos têm de ser corridos" e salientou, precisamente, o facto de não haver "igualdade de tratamento para os réus", notando que as mulheres se encontram em liberdade, estando os homens sob prisão domiciliária.

Quanto aos passos que ele e os restantes acusados tencionam dar, Luaty guardou para a próxima terça-feira, onde todos vão estar reunidos em nova sessão do tribunal, uma decisão concertada. Como notou, que estará também dependente do aconselhamento dos advogados do grupo. E insistiu que "aqui ninguém respeita leis nenhumas. Leis são só para inglês ver". Mas esta é, segundo o ativista, uma fraqueza "do Estado autoritário" que, com a sua atuação, acaba por dar ao grupo "mais importância do que deveríamos ter". Como as coisas estão a suceder, estão a transformar os estes 17 "numa referência na sociedade angolana", afirmou Luaty à TSF.

Quanto ao seu estado de saúde, afirmou sentir-se "bem", tendo sido acompanhado por médicos e efetuado um período de transição até voltar a alimentar-se normalmente.

Luaty e os restantes foram detidos a 20 de junho de 2015. O rapper angolano integrava o grupo de 17 ativistas que se reuniu numa livraria de Luanda para discutir Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar a Ditadura - Filosofia Política da Libertação para Angola, da autoria do jornalista Domingos Cruz, também ele detido. A obra circula apenas de forma clandestina.

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