Líder trabalhista enfrenta moção de desconfiança
Duas deputadas trabalhistas escreveram ao líder parlamentar pedindo que seja "avaliada com urgência" a liderança de Jeremy Corbyn, criticado pelo que alguns consideram um fraco envolvimento na campanha pela permanência do Reino Unido da União Europeia.
As deputadas Margaret Hodge e Ann Coffey anunciaram ter escrito ao líder do grupo parlamentar do Partido Trabalhista, John Cryer, pedindo o debate de uma moção de desconfiança ao líder na reunião prevista para segunda-feira.
À televisão ITV, Hodge disse que Corbyn devia demitir-se.
"O referendo europeu era um teste à sua liderança e creio que Jeremy fracassou nesse teste", disse.
"Foi demasiado lento, pouco entusiasta na campanha e os eleitores trabalhistas simplesmente não compreenderam a mensagem", acrescentou.
Corbyn, que foi eleito em setembro passado com o apoio das bases do partido mas sem o do grupo parlamentar, tem sido criticado por um envolvimento na campanha pelo 'Bremain' considerado insuficiente.
O 'Brexit' acabou por vencer o referendo de quinta-feira, com 52%, contra 48% pela permanência.
A moção apresentada hoje não é vinculativa, mas pode abrir um debate no grupo parlamentar e, eventualmente, conduzir a uma votação.
Vários deputados citados pela imprensa britânica já declararam o seu apoio à moção, mas um porta-voz do partido recusou a ideia, afirmando a necessidade de união em face da decisão tomada pelos eleitores.
"O Partido Trabalhista tem de se unir e cumprir a vontade dos eleitores, responsabilizando o governo pelas negociações de saída da UE e garantindo que não são os trabalhadores a sofrer as consequências", disse o porta-voz, citado pelo jornal The Guardian.
Numa primeira reação, hoje de manhã, à vitória do 'Brexit', Jeremy Corbyn considerou que o resultado se deveu "ao descontentamento de muitas comunidades com os cortes" aplicados pelo governo conservador.
Sobre o seu papel na campanha pela permanência, o líder trabalhista afirmou que tentou transmitir a mensagem de que "existem coisas boas na Europa, como condições laborais e proteção ambiental, mas também outras questões que não foram tratadas adequadamente".