Extrema-direita exclui qualquer aliança de Governo com centro-esquerda
Matteo Salvini, líder da Liga, diz que vai trabalhar "nas próximas semanas para encontrar uma maioria", excluindo desde já "os vencidos". Neste caso, o Partido Democrata
O líder da Liga (ex-Liga do Norte), Matteo Salvini, de extrema-direita, excluiu esta quarta-feira qualquer aliança com o Partido Democrata, de centro-esquerda, para formar Governo em Itália, mantendo-se aberto a outras possibilidades, como os antissistema do Movimento 5 Estrelas.
A coligação de direita e extrema-direita venceu as eleições legislativas de 4 de março, com cerca de 37% dos votos, mas não dispõe do número de mandatos parlamentares suficiente para formar um Governo maioritário.
"Trabalharemos nas próximas semanas para encontrar uma maioria. O que posso excluir é que os vencidos, quer dizer o PD, façam parte dessa maioria", declarou Matteo Salvini à imprensa estrangeira em Roma.
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O PD, no poder, obteve um resultado dececionante nas legislativas, com cerca de 19% dos votos, muito atrás do Movimento 5 Estrelas (M5S), que recolheu quase 33% dos votos.
"À exceção do PD, tudo é possível", acrescentou Matteo Salvini, parecendo assim referir-se a uma eventual aliança com o M5S.
"Estamos a trabalhar para um Governo com uma maioria política sólida, sem recuperar trânsfugas" de outros partidos, disse o dirigente da Liga, que ocupará nesse executivo o cargo de primeiro-ministro, porque o seu partido ultrapassou, em votação, o do seu aliado Silvio Berlusconi, Força Itália.
"Considero que o voto dos cidadãos é sagrado. Eles recompensaram uma coligação e, dentro dessa coligação, um partido", prosseguiu Salvini, garantindo que fará "tudo o que for humana e democraticamente possível para respeitar esse mandato" e tornar-se chefe de Governo.
Sublinhou igualmente que não está "disponível para participar em Governos a qualquer preço, só para ser ministro".
Matteo Salvini disse também que pensa telefonar ainda hoje a Luigi di Maio, líder do M5S, a Maurizio Martina, líder interino do PD desde a demissão de Matteo Renzi, e a Pietro Grasso, dirigente do pequeno partido de esquerda LeU, para falar da presidência das duas câmaras do parlamento.
A eleição dos presidentes das duas câmaras, figuras institucionais, é a primeira condição para poder iniciar conversações, provavelmente no princípio de abril, com o chefe de Estado sobre a formação do próximo Governo.
Entretanto, o presidente do Parlamento Europeu e candidato nomeado pela Força Itália se a sua aliança ganhasse as legislativas, Antonio Tajani, rejeitou hoje expressamente a opção de um executivo formado pelo Movimento 5 Estrelas e a Liga.
"Não pode existir essa hipótese, de um Governo entre o 5 Estrelas e a Liga Norte, porque muitos deputados eleitos com votos de Força Itália, Irmãos de Itália e Nós pela Itália têm vínculos com os seus eleitores", disse Tajani sobre o compromisso assumido pelos incluídos nas listas da coligação das direitas.
"Ninguém eleito por estas formações pode, segundo o documento, mudar de bandeira e romper a coligação. Os pactos são sagrados, há que respeitá-los", acrescentou Tajani, declarando-se "certo" de que os membros da Liga Norte "vão respeitar o acordado".
Para Tajani, "romper esses pactos seria violar a confiança dos cidadãos e estou certo de que isso não vai acontecer".
A Itália vive uma semana decisiva para a formação de Governo após as eleições de 04 de março, das quais saíram vitoriosos tanto o M5S, fundado pelo cómico Beppe Grillo, como os parceiros da Força Itália, liderados pelo até agora eurodeputado Matteo Salvini.
Este último abriu hoje a porta a aceitar o apoio individual de deputados tanto do PD como de outras formações, em troca de aceitar o programa da Liga no que diz respeito a medidas económicas contra Bruxelas, controlo de fronteiras e reforma educativa.