Lava Jato visa publicitário de Dilma e Lula

João Santana, que ajudou a eleger a atual presidente brasileira e o seu antecessor, é acusado de receber dinheiro da petrolífera estatal Petrobras. É alvo de mandato de prisão. Encontra-se atualmente na República Dominicana
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João Santana, o marqueteiro (publicitário) de Dilma Rousseff nas suas duas campanhas eleitorais para a presidência - e da de Lula da Silva em 2006 -, é um dos alvos da 23.ª fase da operação Lava-Jato, ação policial que investiga um escândalo em torno da petrolífera estatal Petrobras, deflagrada ontem em três cidades brasileiras, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

De acordo com a polícia, que pediu a prisão temporária de Santana, o marqueteiro recebeu três milhões de dólares de offshores ligadas à construtora Odebrecht, investigada na Lava-Jato e cujo presidente, Marcelo Odebrecht, está detido desde junho. Esse dinheiro terá partido da Petrobras, defendem as autoridades.

Santana, a participar de uma campanha eleitoral na República Dominicana, aguarda a chegada do mandado de prisão para voltar ao Brasil. A sua mulher, Mónica Moura, também está sob a mira da justiça. De acordo com a investigação, o consultor de Dilma e de Lula também teria recebido 4,5 milhões de dólares entre 2013 e 2014 por transferências bancárias de Zwi Skornicki, representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels e também envolvido no petrolão, o esquema mantido entre dirigentes da Petrobras, um cartel de construtoras e políticos investigados pela Lava--Jato desde há dois anos.

A 23.ª fase da Lava-Jato, chamada de Acarajé, uma especialidade gastronómica da Bahia, um dos estados em que a operação policial incidiu, resulta do acesso a materiais apreendidos na 9.ª etapa, entre eles uma carta de Mónica Moura a Zwi Skornicki a indicar caminhos no estrangeiro para a Polis Propaganda e Marketing, empresa propriedade do casal, receber pagamentos de offshores controladas pela Odebrecht.

A operação, que envolveu 300 polícias, emitiu 51 mandados no total, 38 de busca e apreensão e 13 de prisão temporária, e apreendeu obras de arte, barcos e somas em dinheiro. A Odebrecht, mais uma vez visada na Lava-Jato, disse que está "à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos" e a Polis, empresa de Santana e da mulher, também anunciou uma reação para breve.

Santana, ex-jornalista, é dos publicitários mais respeitados do Brasil. Além de ter ajudado a vencer três eleições presidenciais ao Partido dos Trabalhadores (PT), ganhou também sufrágios em Angola - com José Eduardo dos Santos -, Chile e outros países.

Em São Paulo

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