A Junta Eleitoral da Catalunha aprovou o recurso apresentado pelo Partido Popular (e, parcialmente, pelos representantes dos partidos Cidadãos e Vox) que pediam a inelegibilidade imediata do líder catalão, após a sua condenação, em 19 de dezembro passado..De acordo com a Junta Eleitoral, a causa da inelegibilidade é a própria sentença que condenou Torra a um ano e meio de inabilitação, por ter desobedecido à ordem daquele organismo para que retirasse os laços amarelos (símbolo do movimento independentista) dos edifícios públicos, antes das eleições gerais do ano passado..A Junta determina que esta ordem tenha efeito imediato, retirando a Quim Torra a credencial de deputado no parlamento da Catalunha, pela circunscrição de Barcelona..Ora, como o estatuto de autonomia da Catalunha obriga a que o presidente da Generalitat seja deputado, a retirada da credencial parlamentar significa a sua desqualificação como chefe do governo regional..Quim Torra convocou uma reunião de emergência do governo regional, para avaliar a decisão da Junta Eleitoral, para as 22:00 (21:00 em Lisboa), após a qual fará uma declaração institucional, a partir do palácio da Generalitat..As reações dos independentistas não se fizeram esperar e o ex-presidente da Generalitat Carles Puigdemont descreveu a ordem da Junta Eleitoral como "escandalosa e vergonhosa"..Na sua conta pessoal da rede social Twitter, Puigdemont recordou que "os dois últimos presidentes da Catalunha foram demitidos por Espanha, não pelo parlamento"..O antigo presidente da Generalitat acusou o poder central de se ter "acostumado a decidir quem deve ser o presidente (do governo regional) e que não o pode ser". "Chega!", conclui Puigdemont..Também no Twitter, Laura Borràs, porta-voz do movimento independentista Juntos por Catalunha, disse que a decisão da Junta Eleitoral mostra que "a Espanha é uma repressão consolidada"..No mesmo tom, o ministro do Território e Sustentabilidade do governo regional, Damià Calvet, lamentou que "o estado profundo" espanhol queira "resolver qualquer tipo de discrepância, mesmo que seja levantada em termos pacíficos e democráticos, "ignorando o voto do povo"..Calvet recorda que a decisão da Junta é passível de recurso e deixou um recado velado à Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que decidiu apoiar a investidura do primeiro-ministro socialista indigitado, Pedro Sánchez: "A propósito, amanhã [sábado] o debate sobre a investidura começa e o Juntos por Catalunha votará contra"..Mas a ERC também já reagiu, através das redes sociais, mostrando o seu repúdio pela decisão da Junta Eleitoral, dizendo que se trata de uma "nova ação contra a política e a democracia".."Estamos ao seu lado, presidente!", afirmou o movimento republicano na sua conta oficial no Twitter..Do lado da Juventude Nacionalista da Catalunha também já surgiram sinais de apoio a Quim Torra, criticando a decisão da Junta e lembrando que a decisão sobre quem deve ser presidente da Generalitat são os catalães..O vice-presidente do parlamento regional, Josep Costa, também expressou o seu apoio ao presidente catalão, com a seguinte mensagem no Twitter: "Estamos consigo, presidente Quim Torra. Nem um passo atrás!".