Juncker não quer fronteiras físicas entre as duas Irlandas
O presidente da Comissão Europeia garantiu hoje que a União Europeia vai trabalhar de forma estreita com Dublin para minimizar os efeitos na Irlanda da saída do Reino Unido (Brexit), manifestando-se contra o regresso de uma "fronteira física" com a Irlanda do Norte.
"Durante as negociações do Brexit, a União Europeia e Irlanda têm de trabalhar em conjunto para minimizar os seus impactos para os cidadãos irlandeses (...) A Comissão e o governo irlandes vão trabalhar de forma muito estreita durante as negociações. Não queremos ter fronteiras físicas entre a Irlanda do Norte (pertencente ao Reino Unido) e a República (da Irlanda)", declarou Jean-Claude Juncker, numa conferência de imprensa conjunta em Bruxelas.
Sobre o mesmo tema, o primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, admitiu que se está perante "um desafio político", pois "os governos britânico e irlandês concordaram que não haverá um regresso às fronteiras do passado", mas "obviamente que até o Governo britânico clarificar a sua posição sobre a pertença à União alfandegária, tal terá um impacto direto no comércio".
"Para nós, o melhor desfecho seria termos uma situação o mais aproximada possível da atual", disse.
Juncker apontou que a reunião de hoje com o primeiro-ministro irlandês centrou-se em "assuntos relacionados com o Brexit", razão pela qual pediu ao chefe negociador da UE, Michel Barnier, para também participar.
Aproveitou a oportunidade para agradecer à Irlanda pela sua atitude pró-europeia, em jeito de crítica a outros Estados-membros.
"Sempre disse que a Irlanda desde o dia 1 da adesão (1973) atuou como um país fundador, o que é digno de registo, porque alguns dos nossos membros fundadores já não se comportam como tal", comentou.