Juan Carlos anuncia que vai deixar de viver em Espanha

Rei emérito está a ser investigado pelas autoridades por causa de fundos em paraísos fiscais e tinha-se tornado incómodo para o filho, o rei Felipe VI.
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O rei emérito Juan Carlos anunciou esta segunda-feira que vai viver fora de Espanha. O anúncio foi feito numa carta ao filho, o rei Felipe VI, que agradece a decisão do pai.

"Majestade, querido Felipe. Com o mesmo desejo de servir Espanha que inspirou o meu reinado e diante da repercussão pública que estão a gerar certos acontecimentos passados da minha vida privado, desejo manifestar-te a minha mais absoluta disponibilidade para contribuir a facilitar o exercício das tuas funções, desde a tranquilidade e o sossego que requer a tua alta responsabilidade", lê-se na carta, citada pelo jornal El País.

"O meu legado, e a minha própria dignidade como pessoa, assim o exigem", acrescenta Juan Carlos, que abdicou do trono em 2014 e não menciona a mulher, Sofia.

"Há um ano expressei a minha vontade e desejo de deixar de desenvolver atividades institucionais. Agora, guiado pela convicção de prestar o melhor serviço aos espanhóis, às suas instituições e a ti como Rei, comunico-te a minha meditada decisão de viver, nestes momentos, fora de Espanha", lê-se na carta, onde não deixa claro se a situação é apenas temporária ou para sempre.

"Uma decisão que tomo, com profundo sentimento mas com grande serenidade. Fui rei de Espanha durante 40 anos e durante todos eles sempre quis o melhor para Espanha e para a Coroa", termina Juan Carlos, despedindo-se com "a minha lealdade de sempre" e "com o carinho e afeto de sempre", assinando "o teu pai".

No comunicado não indica para onde vai viver. O rei emérito, que esteve quarenta anos no trono, viveu no Estoril durante a juventude e o presidente da câmara de Cascais, Carlos Carreiras, disse recentemente ao Sol que Juan Carlos seria recebido de braços abertos.

Juan Carlos, de 82 anos, está sob investigação das autoridades suíças e espanholas por causa de dinheiro que teria em paraísos fiscais. O advogado do rei emérito indica contudo que este continuará à disposição das autoridades.

Na resposta, o rei Felipe VI reitera a "importância história que representa o reinado do seu pai, como legado e obra política e institucional ao serviço de Espanha e à democracia". Além disso, reafirma "os princípios e valores sobre os que esta assenta, no marco da Constituição [espanhola] e do resto do ordenamento jurídico".

Em relação às investigações, Felipe VI já tinha no passado abdicado da herança do pai, procurando distanciar-se do dinheiro que este possa ter nos paraísos fiscais, mas a pressão era muita (incluindo da parte do governo de Pedro Sánchez) para que fossem tomadas novas medidas, nomeadamente para que o rei emérito deixasse de viver no Palácio da Zarzuela. Desde março que Juan Carlos tinha perdido o direito à pensão de quase 200 mil euros anuais que recebia de fundos públicos.

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