Durante o seu discurso das comemorações dos 64 anos do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), hoje em Luanda, João Lourenço definiu como principais desafios colocados a Angola a crise económica de 2014, "derivada da baixa significativa das receitas de exportação do petróleo", o alto endividamento externo e os efeitos nefastos da pandemia de covid-19.."Com as restrições a nível da força de trabalho das unidades produtivas e do comércio e as restrições na mobilidade, assistimos ao aumento do custo de vida e do desemprego, situação que preocupa o MPLA", disse Lourenço, referindo-se ao impacto da crise sanitária em Angola..Contudo, o presidente do MPLA reconheceu que, 18 anos depois do fim do conflito armado em Angola, desenvolveu-se "um outro constrangimento tão prejudicial para o país quanto a guerra, que tomou de assalto os cofres do Estado" e parte relevante da economia: a corrupção.."Hoje, melhor do que há três anos, o país tem uma melhor apreciação da gravidade, da seriedade e da profundidade do abismo cavado pela corrupção em Angola", disse o Presidente angolano, que chegou o poder em 2017..João Lourenço assumiu o papel do MPLA na luta contra a corrupção, apesar de este ser o partido que está à frente dos destinos de Angola desde 1975 e de muitos dos seus anteriores dirigentes serem agora alvo das investigações para o seu combate.."O mérito do MPLA consiste no facto de, enquanto partido governante, ter orientado o Executivo a encetar esta cruzada de luta contra a corrupção, mesmo sabendo do presumível envolvimento de militantes e dirigentes seus nos mais diferentes escalões da hierarquia partidária", admitiu Lourenço, aplaudindo a coragem das "vozes discordantes da sociedade civil", que condenam este problema há vários anos.."O MPLA não tem de que de envergonhar, antes pelo contrário, com esta nossa postura de coragem e de total transparência, só temos de nos orgulhar e andar de cabeça cada vez mais levantada", disse o presidente do partido..O Presidente angolano prometeu uma "agenda política que fortaleça o patriotismo, o respeito ao primado da lei, o respeito pela diferença, que promova a tolerância política e a reconciliação nacional", dizendo que a sua causa é a do "desenvolvimento económico e social de Angola".