Irão acusa Arábia Saudita de apoiar terrorismo e desestabilizar região
O governo do Irão acusou hoje a Arábia Saudita de criar e apoiar grupos terroristas e de desestabilizar a região do Médio Oriente com as suas políticas intervencionistas e, atualmente, com a sua aproximação a Israel.
"Os atuais dirigentes sauditas, ao lado de Israel, tornaram-se o símbolo da agressão e das atrocidades cometidas no Médio Oriente (...) interferindo nos assuntos internos de outros países da região agravam a instabilidade, as dificuldades e os problemas", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Bahram Ghasemi, num comunicado.
Teerão respondeu deste modo a declarações feitas na terça-feira em Paris pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, acusando o Irão de "apoiar o terrorismo".
Segundo a diplomacia iraniana, os países da região "nunca esquecerão o papel que a Arábia Saudita desempenhou apoiando e armando terroristas e extremistas violentos (...) como a Al-Qaida, o Daesh (acrónimo árabe do grupo Estado Islâmico) ou outros grupos semelhantes que cometeram inumeráveis atrocidades".
Teerão critica o apoio incondicional de Riade ao dirigente iraquiano Saddam Hussein durante a guerra Irão-Iraque (1980-1988), a intervenção militar da Arábia Saudita no Iémen e a aparente aproximação da dinastia saudita com Israel nos últimos meses.
Envolvidos numa luta de influência no Médio Oriente, onde apoiam campos diferentes em vários conflitos (Síria, Iraque, Iémen, Líbano), a República Islâmica do Irão, xiita, e a monarquia saudita, sunita, romperam relações diplomáticas em janeiro de 2016.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, realizados por 19 terroristas dos quais 15 eram sauditas, Riade foi acusada de favorecer o extremismo religioso, exportando o 'wahabismo', doutrina fundamentalista nascida na Arábia.
Historicamente ligada à monarquia dos Saud, o 'wahabismo' inspirou a ideologia de numerosos grupos 'jihadistas'.