No dia em que a Casa Branca divulgou a transcrição do telefonema que confirma o pedido que o presidente dos EUA fez ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para investigar as atividades de Joe Biden, os dois chefes de Estado estiveram reunidos em Nova Iorque..Perante a polémica conversa telefónica entre os dois presidentes, que reforçou os argumentos para o processo de impeachment (destituição) a Trump - anunciado esta terça-feira pela presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi -, o presidente norte-americano usou o humor ao afirmar que Zelensky era agora "mais famoso" que ele. Elogiou ainda o presidente ucraniano por investigar "todo o tipo de corrupção" e disse que ele era "excelente"..Na reunião, agendada à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, Volodymyr Zelensky considerou como "normal" a conversa telefónica que teve com o presidente dos Estados Unidos. "Pensou que já leram tudo. Eu não quero imiscuir-me nas eleições dos Estados Unidos." E depois afirmou: "Foi uma boa conversa ao telefone, normal. Ninguém me pressionou.".Donald Trump aproveitou a deixa: "Por outras palavras, não houve pressão." A mesma ideia deixou para o final do encontro. "Foi uma reunião maravilhosa. Ele disse: não houve pressão, nada. É tudo uma farsa.".Zelensky perguntou a Donald Trump se estaria disposto a fazer uma visita ao seu país, depois de lhe dizer que o seu antecessor, Barack Obama, "não encontrou tempo" para visitar a Ucrânia. O presidente dos EUA não se comprometeu. "Bem, vou tentar", respondeu e acrescentou que a Ucrânia é um país com "um potencial tremendo"..No telefonema, Trump pediu a Zelensky, para saber se o ex-vice-presidente Joe Biden mandou encerrar uma investigação sobre uma empresa, na qual trabalhava o filho, Hunter. É o que revela o resumo oficial da transcrição da chamada telefónica revelada esta quarta-feira pela Casa Branca, um documento que pode ler aqui..No encontro com Zelensky, o presidente dos EUA foi questionado pelos jornalistas se considerava apropriado que o seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, estivesse envolvido em assuntos do governo. Recorde-se que o antigo presidente do município de Nova Iorque terá encorajado o governo ucraniano a investigar alguns assuntos que pudessem atingir os adversários políticos de Trump e, dessa forma, ajudá-lo na sua campanha de reeleição como presidente dos Estados Unidos.."Rudy Giuliani é um ótimo advogado, foi um grande presidente de câmara, é altamente respeitado. (...) Ele quer descobrir onde começou esta caça às bruxas russa", elogiou Trump. Disse ainda que ele "sabe exatamente o que está a fazer e é muito importante", respondeu o presidente norte-americano.A transcrição do telefonema revela que Trump disse a Zelensky que gostava que Giuliani lhe ligasse, assim como o procurador-geral William Barr, o mais alto responsável pela Justiça nos EUA, para reabrir a investigação à empresa de gás ucraniana. "Se pudesse falar com ele era ótimo", lê-se no documento divulgado esta quarta-feira..Ao lado do seu homólogo ucraniano, Donald Trump criticou Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes que anunciou o processo de destituição, ao afirmar que ela "perdeu o rumo" e que foi "dominada pela esquerda radical"..O pedido de Trump ao presidente ucraniano.Os pormenores da conversa mostram que, no dia 25 de julho, Donald Trump pediu ao presidente da Ucrânia para investigar o candidato democrata, cujo filho trabalhava para uma empresa de gás ucraniana Burisma.."Há muita conversa sobre o filho de Biden, que Biden parou a investigação e muitas pessoas querem descobrir sobre isso, então tudo o que você puder fazer com o procurador-geral seria ótimo", disse Trump no telefonema com Zelensky, segundo o resumo fornecido pelo Departamento de Justiça norte-americano.."Biden gabou-se de ter parado a investigação, então se você puder pesquisar isso... A mim parece-me algo horrível", pode ler-se na transcrição divulgada..Trump referia-se às suspeitas de que o então vice-presidente, Joe Biden, terá pressionado o governo ucraniano para demitir o procurador-geral, que era acusado pelo Ocidente de ser muito moderado face a casos de corrupção.."Eu não ameacei ninguém", garante Trump.Na primeira conferência de imprensa desde que foi anunciado o processo de destituição, Donald Trump garantiu. "Eu não ameacei ninguém". Ao final da tarde, e já depois de ter sido revelada a transcrição da conversa telefónica com o presidente da Ucrânia e de se ter reunido com Zelensky, o presidente dos EUA negou qualquer tipo de pressão ao seu homólogo..Aos jornalistas revelou que disse a todos os membros da Câmara dos Representantes que apoia "totalmente a transparência nas informações" das denúncias que lhe são dirigidas.