Maduro duplica salário mínimo face à hiperinflação

Salário equivale a 56,7 euros à taxa oficial, mas apenas 1,60 euros no mercado paralelo de divisas
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou um novo aumento de 103,7% do Salário Mínimo Integral dos venezuelanos, naquele que é o quarto ajuste salarial de 2018.

Com o novo aumento, os venezuelanos passam a receber mensalmente a quantia de 5 196 000 bolívares (Bs) mensais, que equivalem a 56,7 euros, à taxa oficial de câmbio Dicom (92 664 Bs por euro), e a apenas 1,60 euros no mercado paralelo de divisas onde a moeda europeia tinha hoje uma cotação de 3 246 840,00 Bs.

Na prática, os venezuelanos vão receber, segundo Nicolás Maduro, três milhões de bolívares de salário e 2 196 000 em subsídios.

Isto face a uma crise económica e a uma hiperinflação que, segundo o Fundo Monetário Internacional pode chegar aos 13 800% este ano. Já a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, fala em 200 000%.

Desde maio último, após o último aumento anunciado a 30 de abril, que os venezuelanos ganhavam 2 555 500 Bs de SMI.

Aumento de 200% em alguns casos

"Deve proceder-se de maneira imediata ao ajustamento de todas as tabelas aos trabalhadores", disse o chefe de Estado, precisando que os médicos, professores, militares e polícias vão ter receber também um aumento de 200%.

Durante um ato com simpatizantes do regime, Nicolás Maduro aproveitou para voltar a responsabilizar a oposição e os empresários pela crise no país, que atribui a uma "guerra económica" fomentada por governos estrangeiros.

Os economistas criticam os ajustes salariais constantes, alegando que reforçam o custo de vida e lamentam que o aumento não seja acompanhado de um "plano anti-inflacionista" nem de "disciplina fiscal e monetária".

Segundo o parlamento venezuelano, onde a oposição detém a maioria, os preços dos produtos aumentam diariamente 2,4% na Venezuela, país onde em maio último a inflação foi de 110%.

Segundo ordens de Maduro, o governo começou esta semana a "ocupação temporária" pelos militares de 97 mercados municipais.

A medida tem como propósito "harmonizar todos os operados públicos e privados, distribuidores e comerciantes que intervêm no mercado, para garantir que sejam oferecidos bens e serviços aos preços acordados com o executivo.

O objetivo é "resgatar o caráter originário e restituir a capacidade para oferecer, assegurar, promover e proteger o abastecimento, o estoque, armazenamento, distribuição, comercialização de todos os produtos e alimentos de primeira necessidade, a preços solidários".

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