"Piadas sobre miúdos baleados? Eu consigo fazer isso". Pai de jovem assassinado responde a Louis C.K.

Regresso do humorista continua envolto em polémica. Vídeo do pai de uma das vítimas do tiroteio de Parkland já está a correr mundo
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O regresso de Louis C.K. aos palcos continua a provocar ondas de choque. Depois de um espetáculo em que o comediante apostou nas piadas sobre o assassinato de 17 jovens, em fevereiro de 2018, num tiroteio numa escola de Parkland (Florida), Louis terá voltado ao tema num outro espetáculo. "Se precisares que as pessoas se esqueçam que te masturbaste, o que é que fazes? Piadas sobre miúdos que foram baleados", terá dito, numa espécie de justificação para a escolha daquele tema.

Como aconteceu na referência inicial ao tiroteio, o comediante voltou a ter resposta dos pais dos jovens assassinados. Mas, desta vez, no seu próprio terreno: um dos pais gravou, em jeito destand up comedy, uma crítica cáustica à atuação de Louis.

"Recentemente, ouvi uma grande piada de um comediante, que disse 'se precisares que as pessoas se esqueçam que te masturbaste, o que é que fazes? Piadas sobre miúdos que foram baleados'. E eu pensei: piadas sobre miúdos baleados? Eu consigo fazer isso", diz Manuel Oliver, que conta então a história de um miúdo que foi à escola no Dia dos Namorados, um miúdo magro, de headphones."O pai deixou-o na escola, ele disse "adoro-te, pai", antes de sair do carro. Foi assassinado um par de horas depois".

"Já ouviram piadas sobre bebés mortos? Eu tenho um bebé morto. O nome dele era Joaquin Oliver. Ele ia fazer 18 anos, mas agora está morto. E isto não é uma piada", diz o pai, antes de deixar o palco.

A poucos dias da data que assinala um ano sobre o tiroteio de Parkland, o vídeo já chegou aos media nacionais norte-americanos, reabrindo a discussão sobre os limites do humor.

Desde sempre um comediante polémico, Louis C. K. ficou debaixo de um coro de críticas quando vieram a público excertos de uma atuação, em dezembro do ano passado, em que gozava com os sobreviventes do tiroteio, alguns dos quais se tornaram ativistas pelo controlo de armas.

"O que é que estão a fazer? Vocês são jovens! Deviam ser doidos! Não deviam estar de fato. Vocês não são interessantes [só] porque andam numa escola onde foram alvejados miúdos. Por que é que isso vos torna interessantes? Vocês não levaram um tiro, empurraram um miúdo gordo para a frente e agora tenho de vos ouvir?", disse então, numa atuação surpresa em Long Island, depois de ter estado praticamente um ano longe dos holofotes.

"Por que é que não vem a minha casa e testar as suas novas piadas patéticas?", desafiou o pai de uma das vítimas. "Já que gosta de fazer troça de mim e de outros sobreviventes de Parkland à porta fechada, estou aqui se quiser falar. Tente só manter a braguilha fechada, ok?", respondeu então no Twitter uma das jovens que sobreviveu ao tiroteio.

Louis foi um dos nomes apanhados pela onda de reprovação pública na sequência do movimento Me Too, acusado de assédio sexual e conduta imprópria - uma investigação do The New York Times revelou o depoimento de cinco mulheres que acusaram o comediante de ser ter masturbado à frente delas, em situações de trabalho ou sociais. Na sequência destas revelações, o comediante - que admitiu aquelas situações - viu cancelada a estreia do seu novo filme, bem como da série a que dava o nome.

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