"Não sou um monstro, sou só a Amanda". Knox volta pela primeira vez a Itália
"Eu sei que, apesar de ter sido absolvida pelos tribunais, continuo a ser uma figura controversa para a opinião pública, sobretudo aqui em Itália", admitiu Amanda Knox. A americana regressou àquele país pela primeira esta semana depois de ter sido duas vezes condenada pelo assassínio em 2007 da britânica Meredith Kercher, sua colega de casa na residência universitária de Perugia. E ter sido duas vezes ilibada.
Knox aceitou participar no primeiro Festival de Justiça Criminal que decorreu esta semana em Modena. Foi aí que, num discurso emocionado, a americana de 31 anos confessou ter sentido medo de ser atacada ou mesmo de voltar a ser acusada.
Em lágrimas, Knox denunciou um sistema judicial influenciado pela "fantasia dos tabloides" e garantiu: "Hoje sinto-me perseguida, gozada". A americana lamentou que não tenha sido possível ter "um processo justo" e explicou que "para a opinião pública não somos seres humanos, somos um bem de consumo".
"Para o mundo eu não era uma arguida, inocente até prova em contrário. Eu era uma cabra psicopata e drogada até prova em contrário. Era uma história falsa e sem fundamento que entrou na imaginação das pessoas e alimentou os seus medos e as suas fantasias", afirmou. Antes de acrescentar: "Não sou um monstro. Sou a Amanda".
Em 2007, Amanda Knox estudava e viva em Perúgia, no centro da Itália. Partilhava a casa com Meredith Kercher, de 21 anos, que foi encontrada violada e morta com 47 facadas no apartamento de ambas na noite de 1 de novembro de 2007. Passados cinco dias, a polícia prendeu Amanda e o italiano Raffaele Sollecito, com quem tinha uma relação, e condenou-os respetivamente a 26 e a 25 anos de prisão.
Em outubro de 2011, o Tribunal de Recurso de Perugia absolveu os dois jovens. Depois disso foram novamente condenados pelo Tribunal de Cassação, em Roma (2013), e pelo Tribunal de Recurso de Florença (2014) e absolvidos definitivamente em 2015 pelo Supremo Tribunal de Itália.
Em janeiro deste ano, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou Itália por violação dos direitos de Amanda Knox, obrigando as autoridades italianas a pagar à ameriocana uma indemnização de 18 400 euros.