Morre aos 88 anos o filósofo e académico francês Michel Serres
O filósofo Michel Serres, figura intelectual muito conhecida do grande público em França, morreu este sábado aos 88 anos, revelou a editora Le Pommier. "Ele morreu pacificamente às sete da noite e rodeado pela sua família", disse a sua editora, Sophie Bancquart. Foi autor de best-sellers como "Os Cinco Sentidos".
Apaixonado pelas questões que dizem respeito à ecologia e à educação, o académico francês abordou todas as formas de conhecimento e, no seu trabalho, antecipou as transformações provocadas pelas novas tecnologias de comunicação. "Estamos no ano zero de uma nova maneira de compartilhar conhecimento", disse, em 1996. Serres não se esquivou da matemática, da sociologia, da história, num esforço para expandir os limites da filosofia e para explorar os seus contornos sem renunciar ao uso de uma linguagem compreensível pelo público em geral. "Nós chamamos de utópico o que não entendemos", disse.
Nascido em Agen, França, em 1930, era filho de um marinheiro. Entrou na Academia Naval em 1949 e na Escola Normal Superior em 1952, onde começou a trabalhar como adido de filosofia três anos depois. A partir de 1958 foi para o ensino. Especializou-se em Leibniz, filósofo a quem dedicou o seu primeiro livro, em 1968.
Serres foi professor nas universidades de Stanford e na Sorbonne. Era membro da Academia Francesa desde 1990. Assinou uma infinidade de ensaios sobre a história da filosofia e da ciência. Amigo de Hergé, o autor de Tintin, dedicou um livro ao autor belga, em 2000. Em 2017 publicou "Darwin, Bonaparte et le Samaritain".
Em fevereiro passado, com 88 anos, apresentou o seu mais recente trabalho, Morales Espiègles, publicado na editora à qual foi fiel nos últimos 20 anos, a pequena Le Pommier. "É um livro de circunstâncias, por ser o 20º aniversário do meu editor, e é por isso que aceitei. Disse a mim mesmo: o que posso escrever? Percebi que nunca havia escrito sobre moral", disse num programa de televisão. "Entro na moralidade como se fosse um território exótico", escreveu no livro.