A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou que vai pedir uma nova extensão "o mais curta possível" do artigo 50 do Tratado de Lisboa e consequentemente do Brexit para ter tempo de se reunir com o líder da oposição, Jeremy Corbyn. A ideia é encontrar um acordo que possa ser aprovado pelos deputados e ter a luz verde dos restantes líderes europeus. O líder do Labour já reagiu, dizendo estar "muito feliz" por se reunir com May.."Sair com um acordo é a melhor solução", defendeu, lembrando que sempre deixou claro que era possível tornar um Brexit sem acordo "num sucesso de longo prazo". A primeira-ministra admite que muitos "estão fartos" e gostariam de "sair sem um acordo na próxima semana"..A primeira-ministra quer "uma extensão do artigo 50" que seja "o mais curta possível" e que "acaba quando aprovarmos um acordo". O argumento para essa extensão é só um "garantir que saímos de maneira oportuna e ordenada". May admite ainda que este debate está a pôr toda a gente sob "imensa pressão" e que está "a prejudicar a nossa política"..May diz que vai reunir com o líder da oposição para "quebrar o impasse", avisando contudo que "qualquer plano terá que estar em harmonia com o atual acordo de saída", visto que este foi o único negociado com Bruxelas e que ambos têm que o seguir. "Temos que nos focar na nossa futura relação com a União Europeia", indicou numa declaração desde o número 10 de Downing Street.."Vamos encontrar-nos com a primeira-ministra. Reconhecemos que ela deu um passo, reconheço a minha responsabilidade em representar as pessoas que apoiaram o Labour na última eleição e as pessoas que não apoiaram o Labour, mas ainda assim querem certeza e segurança para o seu próprio futuro e é nessa base que nos vamos reunir com ela e que vamos ter essas discussões", disse Corbyn à Press Association..Se não houver acordo, a primeira-ministra irá apresentar aos deputados várias hipóteses para a futura relação com a União Europeia -- os debates sobre votos indicativos até agora não têm sido propostos pelo governo e todas as opções foram até agora rejeitadas. "O governo está preparado para seguir a posição da Câmara dos Comuns", disse May, que não era obrigada a seguir o voto dos deputados caso estes tivesse aprovado alguma alternativa. Mas, reitera, "a oposição também tem que concordar".."Este é um tempo difícil para todos. As paixões são elevadas de todos os lados da discussão. Mas nós podemos e devemos encontrar o compromisso que garanta aquilo que o povo britânico pediu", referiu, defendendo que o Reino Unido não deve participar nas eleições europeias..May terminou a declaração dizendo que este é "um momento decisivo" na história do país e que "requer unidade nacional para responder ao interesse nacional"..Reunião de mais de sete horas.O governo de May esteve reunido desde as 9.30 desta manhã, sem acesso a telemóveis segundo a Sky News, para decidir que caminho a seguir, depois de o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia que May negociou com Bruxelas ter sido rejeitado por três vezes pelos deputados britânicos..May conseguiu de Bruxelas o adiamento da data do Brexit para 12 de abril, sendo que estava inicialmente previsto para 29 de março (a última sexta-feira). Até essa data, a primeira-ministra tem que explicar aos restantes países membros o que quer fazer. Qualquer adiamento longo, para lá de 22 de maio, implica a participação dos britânicos nas eleições europeias..Um adiamento é algo que um grupo de deputados também deseja, tendo apresentado um projeto de lei no Parlamento..Reações.O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, já reagiu no Twitter. "Mesmo se, depois de hoje, não soubermos qual será o resultado final, vamos ser pacientes", escreveu. O pedido de extensão terá que ser aceite pelo Conselho Europeu..A líder do governo escocês, Nicola Sturgeon, acusou May de "empurrar com a barriga" (uma tradução livre da expressão "kicking the can", que à letra seria "dar pontapés na lata") e "evitar tomar uma decisão", lembrando que os britânicos ainda não sabem que compromissos está disposta a fazer..Já o líder dos Liberais Democratas, Vince Cable, diz que a primeira-ministra só está a piorar o impasse e que a única opção é apoiar um segundo referendo, que inclua a possibilidade de ficar na União Europeia.