May quer garantia adicional da UE no acordo do Brexit
A primeira-ministra britânica reúne-se esta tarde em Bruxelas com os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, depois de se ter encontrado em Haia com o primeiro-ministro holandês Mark Rutte e em Berlim com a chanceler alemã Angela Merkel.
Em declarações feitas em Bruxelas, o secretário de Estado do Brexit, Martin Callanan, disse que Theresa May está a dar tudo para melhorar o acordo na perspetiva britânica e vai tentar novas concessões do lado europeu para convencer os deputados britânicos.
"Ela quer uma garantia legal extra de que o Reino Unido não ficará permanentemente na ratoeira que é o plano de último recurso para a Irlanda", disse o governante, lembrando que "este é o problema desde sempre e é a questão central das preocupações de muitos dos membros do Parlamento".
O ministro britânico reconhece que "vai ser uma longa e complexa negociação", pois "nunca um Estado membro tentou antes sair da União Europeia [e] cada lado tem interesses próprios a proteger". Neste sentido, nota que "a primeira-ministra tem estado a bater-se nas negociações, no melhor interesse do Reino Unido".
Um dos caminhos passa por procurar apoio do lado europeu e "hoje ela está em viagem para se encontrar com o primeiro-ministro [holandês] [Mark] Rutte, para se encontrar com a chanceler [alemã Angela] Merkel e, claro, ela virá a Bruxelas ao final da tarde para se encontrar com o presidente [do Conselho Europeu Donald] Tusk e com o presidente [da Comissão Europeia Jean-Claude] Juncker para procurar essas garantias pelas quais os deputados estão a debater-se".
O secretário de Estado para a retirada do Reino Unido da União Europeia falava, em Bruxelas, à margem de um conselho de Assuntos Gerais, em que o tema está ser amplamente debatido ao longo desta tarde, prevendo-se que esteja concluído ligeiramente antes dos encontros de Theresa May com os líderes institucionais da União Europeia.
Ontem, o ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt dava a entender que a intenção do governo britânico não era a de renegociar o acordo de retirada.
"A UE tem sido muito clara [dizendo] que não estão dispostos a reabrir o acordo de retirada, esta é a melhor e última oferta", afirmou em Bruxelas, deixando acrescentando porém que "a primeira-ministra também deixou claro que não está totalmente confortável com alguns dos elementos do plano de recurso para a Irlanda".
Já depois destas afirmações, numa altura em que já se perspetivava o adiamento da votação no Parlamento Britânico, o ministro Augusto Santos Silva garantia que a União Europeia aguarda a aprovação do acordo do Brexit nas "instituições relevantes". Quanto a uma eventual renegociação, como é a vontade expressa de Theresa May, a porta está fechada.
"As coisas do nosso lado são claras, não há renegociação de um texto que já foi concluído. Nós já fizemos a nossa parte", disse o ministro, em resposta às questões levantadas em Bruxelas pelos correspondentes portugueses, na capital da Bélgica, no final de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros em que o tema "não foi discutido".