Matteo tem cancro e não pode voltar à escola por causa dos colegas sem vacinas
"É uma história absurda", reconhece Alessio D'Amato, das autoridades de saúde da região italiana de Lazio. "O Matteo vai voltar à escola, ponto final." Mas o caso não é assim tão linear: segundo a imprensa italiana, a criança de 8 anos, que sofre de leucemia e acabou de terminar os tratamentos de quimioterapia, arrisca não voltar à primária porque cinco dos seus colegas não são vacinados. Devido aos tratamentos agressivos para combater o cancro, Matteo tem o sistema imunitário comprometido e não pode arriscar qualquer doença, pelo que a falta de vacinação dos colegas de carteira pode, no limite, significar o contágio com uma doença infecciosa que seria mortal, nomeadamente o sarampo.
A denúncia partiu do jornal italiano Corriere della Sera e motivou a intervenção das autoridades: Matteo tem autorização da equipa médica que o acompanha para regressar à escola a partir do próximo dia 15 de março, pelo que os responsáveis dos serviços de vacinação de Roma já garantiram que vão procurar convencer os pais das crianças não vacinadas a proceder à vacinação dos filhos. Mas, neste caso, nenhum dos encarregados de educação pode ser obrigado e, se não acederem ao pedido das autoridades de saúde, arriscam apenas uma multa de 500 euros.
O governo italiano aprovou em 2017 - devido ao elevado número de casos de sarampo no país - uma lei que obriga os pais a vacinar os filhos e que prevê que as crianças não vacinadas por razões médicas sejam transferidas para outras turmas. Porém, assinala o Corriere, nas escolas mais pequenas pode não haver turmas suficientes para distribuir os alunos não imunizados.
O atual governo de Itália prolongou até ao próximo dia 10 de março o prazo para que todas as crianças dos 0 aos 6 anos sejam vacinadas, sendo certo que a partir dessa data serão afastadas da escola aquelas cujos pais não apresentarem comprovativo da vacinação ou não manifestarem vontade de o fazer. As crianças com idades superiores a 6 anos poderão continuar na escola, mesmo sem a documentação completa. Até ao momento, mesmo as sanções previstas para a falta de vacinação ainda não foram postas em prática e há um vazio legal no que diz respeito à entidade que as deve aplicar.