Indianas impedidas de entrar num templo formam cordão humano de 620 km

Supremo Tribunal pôs fim a uma proibição histórica que impedia mulheres em idade de menstruação, dos 10 aos 50, de entrar no templo hindu de Sabarimala, no estado de Kerala. Mas as mulheres que tentam entrar são atacadas. Hoje, cinco milhões foram para a rua
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Cerca de cinco milhões de mulheres do estado de Kerala, no sul da Índia, formaram um cordão humano de 620 quilómetros "em apoio à igualdade de género" conta a BBC nesta terça-feira.

No centro da contestação que formou este cordão humano, que em comprimento ultrapassa Portugal continental, está o templo hindu de Sabarimala, cuja entrada esteve vedada às mulheres em idade de menstruação, dos 10 aos 50 anos, até uma decisão do Supremo Tribunal em setembro passado pôr fim a essa proibição. Desde então têm existido fortes protestos e as poucas mulheres que tentam entrar no templo têm sido atacadas, nomeadamente com pedras, como aconteceu com duas mulheres que recentemente tentaram entrar protegidas por mais de cem elementos da polícia.

O partido nacionalista no poder, Bharatiya Janata Party, do primeiro-ministro Narendra Modi, afirmou já que a decisão do Supremo Tribunal vai contra os valores do hinduísmo.

O número de mulheres em protesto, que ocuparam todas as autoestradas do estado, excedeu em dois milhões as previsões da própria organização, em que participa a coligação de esquerda que governa aquele estado.

"[O templo de] Sabarimala não é o assunto principal aqui. Acredito que homens e mulheres são iguais", afirmou à BBC uma das manifestantes, Tanuja Bhattadri. Outra entre elas, Kavita Das, disse: "Esta é uma ótima forma de dizermos quão poderosas as mulheres são e como podemos empoderar-nos e ajudar-nos umas às outras. Claro que apoio o movimento para permitir que mulheres de todas as idades possam entrar no templo. Aqueles que querem rezar devem ter esse direito."

Para a religião hindu, as mulheres menstruadas são vistas como sujas e a estas está vedado o direito de participarem em rituais religiosos. Contudo, as mulheres são aceites na maioria dos templos desde que não estejam menstruadas.

A argumentação daqueles que se insurgem contra a decisão do Supremo Tribunal assenta não apenas na questão da menstruação, mas também nas peculiaridades do deus daquele templo, Ayyappa, e no facto de este ter feito um juramento de celibato.

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