O antigo cardeal americano Theodore McCarrick foi expulso do sacerdócio da Igreja Católica depois de este ser acusado de abusos sexuais de menores e seminaristas, informou o Vaticano neste sábado..McCarrick, que em julho tornou-se no primeiro prelado da Igreja Católica em cerca de cem anos a perder o seu título de cardeal, é agora a mais alta figura da Igreja a ser expulso do sacerdócio nos tempos modernos..Num comunicado, o gabinete de imprensa da Santa Sé afirma que a decisão da Congregação para a Doutrina da Fé para a Doutrina da Fé surge na sequência de uma investigação ordenada pelo Papa Francisco sobre o caso..O Papa já tinha afastado o arcebispo norte-americano do Colégio Cardinalício e tinha-lhe ordenado que permanecesse afastado de funções e recolhido até que se decidisse num julgamento canónico a veracidade das acusações de abusos sexuais de que era alvo..A Congregação para a Doutrina da Fé considera McCarrick culpado de acusações sexuais de menores e adultos com a agravante de abusos de poder e por isso impôs-lhe a redução ao estado laico, refere o comunicado hoje divulgado..O antigo cardeal, que foi arcebispo em Washington D.C. de 2001 a 2006, tentou recorrer da decisão, mas o Papa Francisco já fez saber que o recurso já não é uma opção..A redução ao estado laico prevê que não se possa administrar sacramentos, vestir-se como um sacerdote e receber qualquer tipo de salário..As alegações remontam a várias décadas atrás. McCarrick respondeu a apenas uma delas, dizendo que não tinha "absolutamente memória alguma" de um alegado caso de abuso sexual a um rapaz de 16 anos. O caso terá acontecido há mais de 50 anos. O ex-cardeal tem hoje 88 anos..Em 20 de julho um homem rompeu o silêncio depois de 40 anos e assegurou ao jornal norte-americano "The New York Times" que o ex-cardeal tinha abusado dele quando era menor de idade, uma situação que presumivelmente se terá prolongado durante duas décadas..A perda do 'barrete cardinalício' só teve um único precedente na história da Igreja católica, designadamente em 13 de setembro de 1927 e não estava relacionada com os abusos sexuais, quando o cardeal Louis Billot que tinha apoiado o movimento antifascista e antissemita "Action Française", foi condenado por Pío XI e depois de ser recebido pelo Papa deixou o cargo..Na próxima semana os vários dirigentes nacionais da Igreja Católica vão reunir-se no Vaticano para discutir a crise global de abusos sexuais.