Dorian. O furacão imprevisível está a ganhar força
O Dorian continua imprevisível. Depois de o furacão ter aumentado para a categoria 4 (segundo a CNN estará próximo de atingir a categoria 5, a máxima) mudou este sábado ligeiramente de trajetória. Agora prevê-se que, quando tiver passado pelas Bahamas, possa "poupar" o estado da Florida e que as zonas de maior impacto sejam a Geórgia, a Carolina do sul e a Carolina do Norte.
O furacão move-se sobre o norte do arquipélago das Bahamas com ventos sustentados de 240 km/hora e deve chegar a terra segunda-feira à noite ou terça de manhã. Desde o Andrew, em 1992, poderá ser o furacão mais forte a atingir a costa leste dos EUA em três décadas.
Donald Trump, que adiou a viagem à Polónia, onde deveria participar nas cerimónias que assinalam o início da II Guerra Mundial, tem seguido a situação a par e passo. "A nossa grande Carolina do Sul poderá ser atingida muito mais forte do que se pensava inicialmente. A Geórgia e a Carolina do Norte também. Está a mover-se e é muito difícil de antever, exceto que é um dos maiores e mais fortes (e realmente aumentou) que vimos em décadas. Cuidem-se!", escreveu Donald Trump no Twitter.
Durante toda a manhã, o presidente norte-americano esteve ativo na rede social, quer partilhando mensagens da Cruz Vermelha, da Agência Federal de Gestão de Emergências e do Centro Nacional de Furacões, entre outros com conselhos para a população, no sentido de se precaverem da chegada do furacão.
Um dos locais que podem sofrer com a devastação provocada pelo Dorian é o clube de golfe Mar-a-Lago, a propriedade de Trump em Palm Beach.
A ex-primeira-ministra do Canadá Kim Campbell não resistiu a atacar Trump por negar os efeitos das alterações climáticas: "Sonho que o furacão chegue ao complexo Mar-a-Lago", tuitou.
Nas Bahamas, onde se prevê que o furacão chegue amanhã, o primeiro-ministro lançou um alerta à população para que se proteja. E pediu para que não sejam "insensatos". "Os que não querem ser evacuados estão a colocar-se em perigo", disse Hubert Minnis, citado pelo El Mundo.
Os habitantes do arquipélago, segundo os serviços meteorológicos, devem preparar-se para "destroços catastróficos".
A Florida - que se encontra na primeira linha na temporada de furacões - está há uns dias a preparar-se para o Dorian e declarou o estado de emergência. Os habitantes acorreram em massa aos supermercados para se fornecerem e há imagens de prateleiras completamente vazias. Mas agora, o furacão parece poderá não atingir com tanta força esta região.
A imprevisibilidade do furacão é, de resto, uma das grandes preocupações das autoridades, já que tem vindo a "atrasar" o percurso - chegou a pensar-se que alcançaria a costa americana este domingo, mas a chegada a terra espera-se para segunda ou terça-feira.
Há fortes probabilidades de atravessar este domingo o noroeste das Bahamas. Mas, depois disso, é uma incógnita. Os sistema meteorológicos previram que poderia ter impacto em Orlando na noite de terça-feira ou quarta-feira, enfraquecendo à medida que se afasta do mar. Outras projeções do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) apontavam para que fosse Miami, antes de chegar à península ou seguir para o norte, até a costa da Geórgia - explica o El País.
Agora, as previsões indicam sobretudo a Geórgia, a Carolina do Sul e a Carolina do Norte. "A maior preocupação será a câmara lenta do Dorian quando estiver perto da Florida, o que expõe algumas áreas do estado a um risco maior de um evento prolongado de ventos fortes, ondas perigosas e chuvas fortes", dizia o NHC, antes do Dorian mostrar alteração da trajetória para estes estados.
Há três dias o Dorian estava classificado na categoria 2, mas tem vindo a ganhar força. O NHC, com sede em Miami, referia que o furacão é "extremamente perigoso" e representava uma "ameaça significativa" para a Florida e o noroeste das Bahamas.
Uma equipe da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), a bordo de uma aeronave Hurricane Hunter P-3, voou sobre o olho do furacão este sábado. De acordo com o NHC, a viagem forneceu dados úteis sobre o núcleo interno do furacão de categoria 4 e mostrou que o olho era um pouco maior que 5 milhas náuticas.
Habituada a ser fustigada pelas intempéries, a Florida fez tudo para se precaver. Os habitantes dos 67 municípios ainda têm fresco na memória o rasto de destruição deixado no ano passado pelo furacão Michael.
Além da declaração do estado de emergência, o governador Ron DeSantis anunciou que estão prontas 1,8 milhões de refeições para distribuição e 819 mil garrafões de água.
Por outro lado, foram ativados 2500 elementos da Guarda Nacional e outros 1500 estão de reserva, podendo ser chamados em caso de necessidade.
"O furacão Dorian move-se lentamente e ganha força", escreveu De Santis no Twitter. "Agora é o momento de nos preparar e ter um plano."
O Dorian já atravessou as ilhas Virgens Britânicas e deixou Porto Rico alegado na passada quarta-feira. Agora está mesmo próximo das Bahamas e segunda-feira de manhã prevê-se que atinja a costa da Florida ou até mesmo da Geórgia.
"As pessoas precisam estar prontas antes do domingo", disse Ken Graham, diretor do Centro Nacional de Furacões, à CNN na quinta-feira. E os cidadãos estão a fazer o que podem, protegendo as habitações com taipais de madeira, comprando combustíveis e víveres para se manterem em casa até o furacão passar. As autoridades aconselharam mesmo a que os habitantes da Florida tivessem comida e remédios pelo menos para sete dias. O que tem originado grandes filas nos supermercados e nos postos de combustível.
Em Port Orange, 40 quilómetros a nordeste de Orlando, Brooke Koontz postou no Facebook imagens do supermercado Walmart com as prateleiras do pão e da água praticamente vazias. Também houve uma forte procura de enlatados, produtos de higiene e bananas. Conta que, pouco depois de ter chegado ao Walmart, os funcionários trouxeram uma palete com garrafões de água. "Acabou em segundos. As pessoas estavam a correr", disse à CNN.
As companhias aéreas, como a Delta, American e Southwest - também estão a permitir que os passageiros alterem as reservas para voos antes da chegada do furacão. Os militares estão igualmente a precaver-se.
A Marinha, por exemplo, está a transportar mais de 40 aviões de Jacksonville para bases em Michigan, Ohio e Texas para que não sejam alcançados pela tempestade.
Já a Força Aérea evacuou os 16 KC-135 da Base de MacDill para a de McConnell, perto de Wichita, Kansas, de acordo com um oficial americano.