A nota, subscrita por Jean-Claude Juncker e Theresa May, é uma mão cheia de nada, na qual o único passo em frente é o compromisso de voltarem a falar antes do final deste mês.."Os dois líderes concordam que o diálogo foi construtivo e instam as suas respetivas equipas a continuar a explorar as opções com um espírito positivo. Irão avaliar o progresso novamente nos próximos dias, cientes do calendário apertado e do significado histórico de colocar a União Europeia e o Reino Unido no caminho para uma parceria profunda e única", pode ler-se no comunicado..O texto repassa ainda os assuntos abordados por Juncker e May, nomeadamente que garantias poderiam ser dadas relativamente ao mecanismo de salvaguarda da fronteira irlandesa de modo a evidenciar a sua natureza temporária, proporcionando "segurança jurídica" a ambas as partes.."Ambos reiteraram o seu compromisso para evitar uma fronteira física na ilha da Irlanda, assim como o respeito pela integridade do mercado único europeu e do Reino Unido. A primeira-ministra registou a posição da União Europeia", acrescenta..O presidente da Comissão e a primeira-ministra britânica debateram ainda o papel que as "disposições alternativas", reclamadas pelo parlamento britânico, podem desempenhar no futuro na substituição do backstop inscrito no acordo de saída do Reino Unido do bloco comunitário..A pouco mais de um mês para a data oficial do Brexit, agendado para 29 de março, os dois mandataram os seus negociadores principais, respetivamente Michel Barnier e Stephen Barclay, para avaliaram se podem ser feitas "adendas ou mudanças" na declaração política que sejam consistentes com as posições da UE e do Governo britânico e que incrementam a confiança de ambas as partes em consubstanciar "a futura parceria" assim que possível..Esta é a segunda visita a Bruxelas de Theresa May desde que o parlamento britânico aprovou, em 29 de janeiro, uma proposta que preconiza a substituição do backstop inscrito no acordo de saída do Reino Unido da União Europeia por "disposições alternativas", com vista à ratificação daquele texto pela Câmara dos Comuns, uma ideia liminarmente rejeitada pelos seus parceiros europeus, quer ao nível das instituições, quer ao nível dos Estados-membros..Juncker é uma das vozes que tem repetido insistentemente a indisponibilidade europeia para renegociar o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), e mais particularmente o mecanismo de salvaguarda irlandês, mostrando-se, contudo, disponível a tornar a declaração política da relação futura mais ambiciosa..O acordo do Brexit inclui um mecanismo de salvaguarda, comummente conhecido como backstop, que pretende evitar o regresso de uma fronteira física entre a República da Irlanda, Estado-membro da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte..O backstop consiste na criação de "um território aduaneiro único" entre a UE e o Reino Unido, no qual as mercadorias britânicas teriam "um acesso sem taxas e sem quotas ao mercado dos 27" e que garantiria que a Irlanda do Norte se manteria alinhada com as normas do mercado único "essenciais para evitar uma fronteira rígida"..Este mecanismo só seria ativado caso a parceria futura entre Bruxelas e Londres não ficasse fechada antes do final do período de transição, que termina a 31 de dezembro de 2020 e que poderá ser prolongado uma única vez por uma duração limitada..O backstop é contestado pelos parlamentares britânicos que temem que este mecanismo deixe o país indefinidamente numa união aduaneira, e que reclamam que Londres possa 'abandonar' unilateralmente esta solução.