Brexit: Corbyn diz que May "já não tem capacidade de liderar"
A primeira-ministra britânica, Theresa May, que ainda não recuperou totalmente a voz, diz que quer sair da União Europeia com um bom acordo e garante que tinha negociado esse acordo. O líder da oposição, Jeremy Corbyn, defende que May "já não tem capacidade de liderar", alegando que este é "um governo sem rumo diante de uma enorme crise".
"Posso não ter a minha voz, mas entendo a voz do país. Que quer sair da UE, querem acabar com a liberdade de movimento, querem que as leis sejam feitas neste país. É nisso que estou a trabalhar", disse May, lembrando que Corbyn também já defendeu o mesmo e questiona: porque é que já não o faz?
Na sessão semanal de perguntas e respostas no Parlamento britânico, horas antes de uma votação sobre a possibilidade de um Brexit sem acordo, Corbyn lembra que o acordo de May já foi rejeitado duas vezes e "está morto".
Corbyn perguntou de que forma é que May ia votar esta noite e a primeira-ministra britânica respondeu que irá votar a favor da sua moção, que é a de afastar a ideia de uma saída sem acordo, lembrando contudo que esta é a saída caso não seja aprovado um acordo. O líder da oposição lembra que pode haver emendas em discussão e que ela decretou liberdade de voto aos conservadores, incluindo os membros do governo.
Corbyn reitera que, durante todo este tempo, a primeira-ministra não quis ouvir os empresários e os trabalhadores preocupados em perder o emprego. E questiona quando é que May vai ouvir e ver que é preciso uma união alfandegária com a União Europeia.
O líder do Labour cita May, que disse que os deputados "não podiam simplesmente rejeitar um Brexit sem acordo, precisavam de votar por algo". Com o acordo dela rejeitado, Corbyn pede para May aceitar o plano do Labour. "É tempo de ela esquecer as suas linhas vermelhas e enfrentar a realidade da situação", afirma, ao que a primeira-ministra reitera que o plano de Corbyn também já foi rejeitado no Parlamento.
Questionada sobre uma das emendas que poderá estar em debate esta tarde, que inclui um plano alternativo ao Brexit apelidado de "compromisso de Malthouse", May diz que o governo já aceitou dois dos quatro pontos: nomeadamente a publicação dos dados sobre tarifas em caso de uma saída sem acordo, assim como garantir os direitos dos cidadãos europeus e britânico.
Em relação ao terceiro ponto, que prevê pedir a extensão do artigo 50 e adiar o Brexit até 22 de maio, May lembra que na quinta-feira os deputados terão direito a votar nesse sentido, caso hoje não passa a ideia de um Brexit sem acordo. Finalmente, em relação ao quarto ponto, May diz que União Europeia já deixou claro que não haverá um acordo sem o acordo de saída já negociado. E que Bruxelas não aceitará um acordo de saída diluído em troca de um período de transição mais alargado. "Não vão aceitar elementos do que está no atual acordo de saída sem na realidade haver um acordo de saída", indicou.
O compromisso de Malthouse prevê adiar o Brexit até 22 de maio, com um período de transição até 2021, e um acordo sobre os direitos dos cidadãos. Já ontem, o principal negociador europeu do Brexit, Michel Barnier, disse que esta era "uma ilusão perigosa", acrescentando: "Sem acordo de saída não há transição."