Boris Johnson avisa na sua carta de demissão de chefe da diplomacia britânica que o Reino Unido arrisca tornar-se numa "colónia" da União Europeia após o brexit. "Estamos a caminho do estatuto de colónia - e muitos vão ter dificuldade em ver as vantagens económicas e políticas dessa combinação", escreveu na missiva..Johnson demitiu-se em desacordo com o plano da primeira-ministra britânica, Theresa May, para o brexit. "O sonho está a morrer, sufocado por inseguranças desnecessárias", escreve.."O brexit devia ser sobre oportunidade e esperança. Devia ser uma oportunidade para fazer as coisas de forma diferente, para ser mais ágil e dinâmico, e maximizar as vantagens do Reino Unido como uma economia aberta, global e voltada para o exterior", indica Johnson na missiva dirigida a Theresa May..Johnson lamenta que a "proposta inicial" nas negociações do brexit com a União Europeia "envolva aceitar que não vamos ser capazes de fazer as nossas próprias leis".."O que é ainda mais perturbador é que esta é a nossa proposta inicial", indica. "Esta é a forma como nós vemos o final para o Reino Unido - antes do outro lado sequer fazer uma contraproposta", explica. "Estamos a enviar a nossa vanguarda para a batalha com as bandeiras brancas a esvoaçar por cima.".O ex-chefe da diplomacia diz que ficou preocupado, após a reunião de sexta-feira do governo em Chequers, que May estivesse a preparar "mais concessões na imigração ou que possamos acabar, efetivamente, por pagar para ter acesso ao mercado único".."Como disse então, o governo tem uma canção para cantar. O problema é que estive a praticar a letra no fim de semana e descobri que ela fica presa na garganta", escreve. "Temos que ter responsabilidade coletiva. Mas uma vez que não posso, em consciência, defender estas propostas, conclui infelizmente que tenho que me ir embora", acrescenta..Johnson anunciou a demissão horas depois de o ministro para a Saída da UE David Davis e do respetivo secretário de Estado Steve Baker também terem abandonado o governo em discórdia com a primeira-ministra, Theresa May.