Mundo
21 agosto 2019 às 13h14

Banho de purificação pós-menstrual entra na campanha em Israel

Governo de Benjamin Netanyahu encomendou anúncios no valor de 250 mil euros para promover um ritual baseado nos princípios religiosos judaicos com vista às eleições de 27 de setembro.

DN

Segundo a lei judaica, a mulher tem de mergulhar num banho ritual depois da menstruação para recuperar a pureza. Só depois disso um casal pode voltar a ter relações sexuais. É esta prática que o ministério dos Assuntos Religiosos de Israel quer promover, tendo já encomendado anúncios no valor de um milhão de shekels (mais de 250 mil euros) que visam a sua promoção na televisão e redes sociais.

O objetivo da campanha - que surge a pouco mais de um mês das legislativas marcadas para 27 de setembro - é tornar a ideia dos banhos rituais (os mikveh) mais apelativa, como explicava o governo ao diário Haaretz. Mas os setores laicos da sociedade israelita já manifestaram o seu desagrado, acusando o ministério de exceder as suas atribuições legais que afirmam estar limitadas à oferta de serviços religiosos aos cidadãos que os peça. Com esta campanha, denunciam, o ministério está a promover a obediência a um mandamento da halacá, a lei judaica.

A campanha em questão faz parte do acordo de coligação firmado em 2015 pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu com os partidos religiosos, como o Shas, a que pertence o ministro dos Assuntos Religiosos Isaac Vankin.

Os anúncios contarão com a participação de celebridades femininas que irão incentivar as mulheres israelitas a submergirem-se por completo três vezes consecutivas, nuas e em pé, sete dias depois da menstruação. Segundo a lei judaica, as mulheres são impuras depois do período e por isso não podem ter relações sexuais sem antes passarem pelo ritual do mikveh - um banho ritual realizado numa pequena piscina cheia de água da chuva situada geralmente numa sinagoga ou centro religioso.

Polémica das conversões

Esta não é a primeira vez que o ministério dos Assuntos Religiosos israelita se envolve em polémica. Há cinco anos lançou uma campanha nos media hebraicos para rever as conversões ao judaísmo. Os anúncios colocavam o foco nas conversões aprovadas por rabinos reformistas, uma corrente maioritária entre a comunidade judaica dos EUA, para que fossem revistas em Israel de acordo com o estrito ritual do rabinato ortodoxo.

A acreditar nas sondagens publicada no fim de semana, o bloqueio que em maio impediu Netanyahu de formar governo após fracassarem as negociações para integrar os partidos de direita na coligação de governo deverá repetir-se após o escrutínio de setembro.

No poder desde 2009, Netanyahu tem sido alvo de uma série de acusações de corrupção. Mas isso não o impediu de vencer as quintas eleições consecutivas. Mas a incapacidade para obter uma maioria de governo levou à convocação de novo escrutínio. Resta saber se esse conseguirá desbloquear o impasse político em Israel.