Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, dois homens russos, foram declarados suspeitos do ataque com o agente nervoso Novichok, que aconteceu em março, na localidade de Salisbury, no Reino Unido. No mesmo ataque duas pessoas foram envenenadas: o ex-espião russo Sergei Skripal, de 66 anos, e a filha Yulia, de 33 anos..Neil Basu, alto quadro da Unidade de Contraterrorismo britânica, afirmou que existem "provas suficientes para que existam acusações". Refere ainda, citado pela Reuters, que o agente nervoso em questão - Novichok - foi encontrado num quarto de hotel em Londres onde os dois homens ficaram..Os suspeitos, que têm cerca de 40 anos e viajavam com passaportes russos com nomes falsos, chegaram ao Reino Unido, provenientes de Moscovo, no dia 2 de março, tendo saído do país no dia 4..São ainda considerados suspeitos do uso e posse de substâncias químicas ilegais, cuja origem as autoridades atribuíram à Rússia, onde o agente neurotóxico foi desenvolvido no âmbito de um programa militar nos anos 1970..O anúncio de hoje é o resultado de uma investigação pela Unidade de Polícia de Contraterrorismo ao ataque registado a 4 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra, que entregou o dossiê à procuradoria para avaliar a possibilidade de serem iniciados procedimentos criminais..As autoridades indicaram ainda que não vão pedir a extradição dos dois suspeitos a Moscovo porque a constituição russa não permite a extradição de seus próprios nacionais e porque recusou pedidos de extradição em situações anteriores.."No entanto, obtivemos um mandado de detenção europeu, o que significa que, se um dos homens viajar para um país onde o mandado de detenção europeu for válido, ele será preso e será extraditado para responder a essas acusações, para as quais não há prazo de prescrição", vincou..Sergei Skripal, um britânico de origem russa com 66 anos, e a filha de 33 anos, Yulia, de nacionalidade russa, foram encontrados semi-inconscientes num banco de jardim na tarde de 4 de março, tendo-se apurado mais tarde que tinham sido envenenados com um agente neurotóxico de nível militar..Depois de estarem hospitalizados em estado grave durante semanas, ambos tiveram alta, tal como o agente Nick Bailey, que também tinha sido contaminado pelo agente chamado Novichok, cuja origem as autoridades britânicas atribuíram à Rússia..A investigação à tentativa de homicídio envolveu, nos últimos meses, 250 detetives de várias forças regionais, que realizaram 176 buscas e recolheram mais de 900 testemunhos em Salisbury, além de 1230 agentes que assistiram nos cordões de segurança..Foram visionadas mais de 4 mil horas de filmagens de videovigilância e enviados para análise no Laboratório de Ciência e Tecnologia de Defesa de Porton Down 851 elementos de prova, num total de mais de 2.300 recolhidas..Na investigação sobre o ataque aos Skripal foi incluída a investigação por homicídio em 8 de julho da britânica Dawn Sturgess, de 44 anos, da localidade vizinha de Amesbury, também foi devido aos efeitos da substância química 'novichok'..A mulher foi contaminada após manusear um recipiente que continha o agente neurotóxico encontrado num local público, e que também afetou, mas de forma menos grave, o companheiro Charlie Rowley, incidentes que a polícia está convencida estão relacionados.."Nós não acreditamos que Dawn e Charlie foram visados deliberadamente, mas tornaram-se vítimas como resultado da imprudência com que um agente nervoso tão tóxico foi descartado", acusou o comissário adjunto Neil Basu, responsável pela unidade de combate ao terrorismo..Peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) confirmaram que a substância era Novichok e que o mesmo tipo foi usado nas duas ocasiões..As autoridades britânicas atribuíram a Moscovo a responsabilidade pelo ataque de março, expulsando uma série de diplomatas russos do país, à semelhança do que fizeram em solidariedade os EUA e outros países, ao que a Rússia respondeu com a expulsão de diplomatas ocidentais..A identificação e acusação dos dois suspeitos russos será objeto de uma declaração da primeira-ministra, Theresa May, hoje no parlamento.