"Abandonámos os mais pequenos". Papa reconhece abusos sexuais com "vergonha e arrependimento"
Numa carta de três páginas dirigida aos católicos de todo o mundo, revelada pelo Vaticano, o Papa Francisco condenou os "crimes" de abusos sexuais cometidos por padres, além do encobrimento destes casos e exigiu uma responsabilização. O Sumo Pontífice da Igreja Católica pediu perdão pelo sofrimento causado aos menores, acusando os líderes da igreja de estarem mais preocupados com a sua reputação do que com a segurança das crianças.
"Com vergonha e arrependimento, como comunidade eclesial, assumimos que não soubemos estar onde deveríamos estar, que não agimos a tempo para reconhecer a dimensão e a gravidade do dano que estava a ser causado em tantas vidas", escreveu o Papa, na carta citada pela comunicação social.
"Negligenciámos e abandonámos os mais pequenos", sublinhou o chefe da Igreja Católica.
A carta foi publicada em sete idiomas e está dirigida ao "Povo de Deus". Na missiva, Francisco fez referência ao relatório da Pensilvânia, e reconheceu que nenhum esforço para pedir perdão às vítimas será suficiente, assim como "nenhum esforço será poupado para criar uma cultura capaz de impedir que tais situações voltem a acontecer".
A carta é a reação do Papa ao relatório do júri da Pensilvânia que detalha décadas de abusos sexuais de padres católicos, bem como o encobrimentos por parte dos bispos, classificando as acusações de "criminosas e moralmente repreensíveis".
"Em relação ao relatório tornado público, na Pensilvânia, esta semana, há duas palavras que expressam os sentimentos que esses crimes horríveis nos provocam: vergonha e tristeza", disse Greg Burke, diretor de comunicação do Vaticano, reafirmando o que disse em casos semelhantes: "A Santa Sé condena inequivocamente o abuso sexual de menores."
Este responsável acrescentou que as vítimas devem saber que o Papa está ao lado delas: "Aqueles que sofreram são sua prioridade, e a Igreja quer ouvi-los para erradicar este trágico horror que destrói as vidas dos inocentes."
Ainda citando o documento, a imprensa norte-americana revelou que algumas das crianças "foram estupradas por via oral, vaginal ou anal". Atos, que segundo o júri, foram escondidos pela igreja como "um manual para esconder a verdade".
"Os abusos descritos no relatório são criminosos e moralmente repreensíveis", disse Greg Burke, diretor de comunicação do Vaticano.
Burke observou ainda que que a maioria das acusações remonta a antes de 2002, quando os bispos católicos dos EUA ainda não tinham adotado as reformas da Igreja Católica nos EUA, que passou a expulsar da igreja os abusadores.