Infantário ensina menina de três anos a esconder-se de atiradores

"Parecia uma brincadeira mas quando ela me disse o que estava a fazer eu desabei", escreveu a mãe da menina numa publicação que se tornou viral
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Stacey Feeley tirou uma fotografia à filha de três anos enquanto a criança subia na sanita porque pensava que "ela estava só a fazer algo engraçado". Mas o que parecia ser uma simples brincadeira era na verdade um exercício que a menina aprendeu na pré-escolar para se esconder no caso de alguém armado invadir a sua escola.

"Tirei esta fotografia porque no início pensei que era uma brincadeira. Ia enviá-la ao meu marido para mostrar o que a nossa menina de três anos andava a fazer", escreveu Stacey Feeley na publicação. "No momento em que ela me disse, eu desabei", continuou.

Em apenas cinco dias o testemunho da mãe chocada foi partilhado mais de 12.700 vezes no Facebook.

A publicação de Stacey foi feita três dias depois do atentado em Orlando, o atentado armado mais mortífero da história dos Estados Unidos, em que morreram 50 pessoas. A menina estava a mostrar à mãe o que aprendeu a fazer para se proteger, num país onde os tiroteios em massa fazem várias vitimas todos os anos.

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Nem as escolas e locais de ensino escapam aos ataques com armas de fogo. Em 2015, registaram-se 65 tiroteios em escolas no país. Até outubro, 21 deles eram em universidades, 15 em escolas secundárias, três em escolas do ensino básico, 10 em escolas primárias, dois na pré-escolar e um num autocarro de transporte escolar, segundo uma organização que faz o levantamento anual dos tiroteios em escolas.

Este ano já foram registados pelo menos 28 tiroteios em massa, incluindo o que aconteceu no início deste mês, na Universidade da Califórnia, Los Angeles, quando um ex aluno matou o professor e depois cometeu suicídio.

Na publicação, que já foi vista por mais de 9 milhões de pessoas, Stacey usou a hastag "do something", faz alguma coisa, em português, e pediu o apoio de todos. "Não finjo que tenho todas as respostas, ou até um pingo delas, mas a menos que vocês queiram ver as vossas crianças em cima de sanitas, nós precisamos de fazer alguma coisa", concluiu a mãe angustiada.

[citacao:Não finjo que tenho todas as respostas ou até um pingo delas mas a menos que vocês queiram ver as vossas crianças em cima de sanitas, nós precisamos de fazer alguma coisa]

Stacey fez ainda um apelo aos governantes para que algo fosse mudado. "Políticos, vejam bem. Esta é a vossa criança, as vossas crianças, os vossos netos e bisnetos e futuras gerações", afirmou, acrescentado que o futuro destas crianças depende das decisões tomadas hoje.

A mãe pediu também à sociedade em geral para contribuir e mudar e fez um apelo a qualquer um disposto a combater a facilidade com que as armas circulam no país.

"Não sei o que será pior - tentarem ficar em silêncio durante um longo período de tempo ou tentar manter o equilíbrio sem deixarem um pé escorregar?", continuou, frustrada, na publicação que recebeu muitos comentários de apoio.

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