Incêndios florestais na Austrália aproximam-se de Sydney

Fogos já obrigaram ao cancelamento da última prova do campeonato de ralis que se deveria realizar na região de Nova Gales do Sul.
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Os violentos incêndios que têm lavrado região de Nova Gales do Sul, na Austrália, onde se deveria desenrolar a 14.ª e última prova do campeonato mundial de ralis obrigaram os organizadores a tomar a decisão, "por razões de segurança", e cancelar o evento.

"Era a única coisa a fazer, tendo em conta que somos responsáveis pela segurança de todas as pessoas envolvidas na prova", explicou o diretor do evento, Andrew Papadopoulos. "Não era apropriado realizar o rali. Os nossos pensamentos estão com a comunidade de Nova Gales do Sul, especialmente com as pessoas que perderam os seus entes queridos e as suas casas em resultado dos incêndios", sublinhou o mesmo responsável.

O cancelamento da prova atribuiu, automaticamente, o título de construtores à Hyundai, que saiu do Rali de Espanha com 18 pontos de vantagem sobre a Toyota.

Dezenas de incêndios intensificaram-se esta terça-feira devido aos ventos fortes, às temperaturas altas e à vegetação seca, chegando aos subúrbios de Sydney, a maior cidade da Austrália e onde vivem mais de cinco milhões de pessoas. Os bombeiros pulverizaram árvores e casas com produtos especiais para o controlo do fogo num subúrbio ao norte da cidade.

Dois incêndios que ocorreram em Turramurra, a cerca de 15 quilómetros ao norte de Sydney, devastaram uma floresta de eucalipto num parque florestal e atingiram casas, mas já foram finalmente dominados. Esta cidade ficou cercada por uma densa nuvem de fumo, enquanto casas, veículos e estradas estavam cobertos de um produto vermelho para controlar o fogo.

"As brasas que flutuavam no ar provocaram incêndios em frente das casas", disse à agência de notícias AFP Nigel Lush, um morador local. Segundo o testemunho de Julia Gretton-Roberts, outra moradora, o incêndio espalhou-se muito rapidamente. Andrew Connon, bombeiro, disse à AFP que várias casas foram ameaçadas, mas que a pulverização do produto retardante de fogo ajudou a limitar as ameaças aos imóveis.

Milhares de bombeiros haviam sido destacados preventivamente nos estados de Queensland e Nova Gales do Sul devido a condições meteorológicas consideradas "catastróficas" e "fora do comum". No entanto, não conseguiram impedir que vários incêndios ocorressem no perímetro de contenção.

O Governo de Nova Gales do Sul decretou o estado de emergência devido às altas temperaturas, falta de humidade e condições de vento que se fazem sentir atualmente, com as previsões a apontarem para um agravamento das condições meteorológicas. Centenas de escolas foram encerradas e as zonas florestais foram evacuadas devido aos cerca de mais de 85 incêndios que lavram com intensidade, 46 dos quais não estão ainda controlados.

Desde sexta-feira, incêndios na costa leste da Austrália já mataram três pessoas, destruíram mais de 150 casas e forçaram milhares a fugir. Temperaturas de até 40 graus e ventos de 60 quilómetros por hora eram esperados hoje na costa leste da Austrália.

Segundo especialistas, a combinação desses elementos (ventos, alta temperatura e vegetação seca), muito favorável aos incêndios florestais, é a pior já registada. Os ventos que sopram de oeste para leste e a intensa seca que afeta a vegetação provavelmente espalharão incêndios nas regiões povoadas da costa.

Estes incêndios ocorrem todos os anos no continente insular durante a primavera e o verão na Austrália. Este ano, a temporada de incêndios está a ser particularmente precoce e violenta e pode ser uma das piores já vividas.

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