Hezbollah acusa rebeldes pela morte de comandante
Observatório Sírio para os Direitos Humanos desmente organização xiita libanesa no caso da explosão que vitimou Badreddine
Afinal não terá sido Israel. Depois de na sexta-feira ter culpado o arqui-inimigo, o Hezbollah voltou atrás na acusação e disse ontem que os responsáveis pela morte de Mustafa Badreddine - um dos mais altos comandantes da organização xiita libanesa - foram os rebeldes sunitas que lutam para derrubar o regime sírio de Bashar al-Assad.
Badreddine foi ontem a enterrar como mártir, em Beirute, perante a comoção e as homenagens de milhares de libaneses. O militar, desde 2011 responsável pelas intervenções do Hezbollah na guerra civil síria, morreu nesta semana vítima de uma explosão numa das bases da organização perto do aeroporto internacional de Damasco.
"A investigação mostrou que a explosão foi provocada por um ataque de artilharia levado a cabo pelos grupos takfiri [extremistas sunitas] que combatem na área", afirmou o Hezbollah em comunicado.
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Esta versão dos acontecimentos, no entanto, é contrariada por Rami Abdulrahman. "Há mais de uma semana que não há registos de bombardeamentos vindos da zona Este do subúrbio de Ghouta", afirmou à Reuters o diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Atualmente o aeroporto e o centro da cidade de Damasco estão controlados pelas forças de Assad. Entre essas duas áreas situa-se o lado Este de Ghouta, nas mãos dos rebeldes.
Desde o início na guerra na Síria, em 2011, que o Hezbollah, patrocinado pelo Irão, tem combatido ao lado do presidente Bashar al-Assad - que conta também com o apoio da Rússia e vai resistindo aos rebeldes, suportados por grupos de maioria sunita como o Estado Islâmico.
Mustafa Badreddine nasceu em 1961 num subúrbio de Beirute e com pouco mais de 20 anos começou a participar em ações armadas do Hezbollah. Em 1983 foi condenado à morte por um tribunal do Kuwait devido ao seu alegado envolvimento nos ataques às embaixadas de França e dos EUA. Acabou por fugir da prisão em 1990, quando Saddam Hussein invadiu o país. Desde 2011 estava a ser julgado à revelia pelo Tribunal Especial para o Líbano pela suposta participação no assassinato de Rafik Hariri, primeiro-ministro libanês, em 2005.