Bancos e empresas a sair da Catalunha. Guerra entre Madrid e Barcelona já chegou à economia
Governo quer aprovar decreto que facilite saída de empresas da Catalunha. Sabadell vai para Alicante, CaixaBank discute tema
O executivo liderado por Mariano Rajoy planeia aprovar esta sexta-feira um decreto em Conselho de Ministros que facilite a empresas e bancos mudarem de forma rápida a sua sede legal para fora da Catalunha, noticiou a Reuters e vários media espanhóis. Uma medida que surge numa altura em que a declaração de independência unilateral daquela região espanhola poderá estar por dias.
Este decreto é feito à medida do CaixaBank - o terceiro maior banco de Espanha e que em Portugal controla do BPI - cujos estatutos não permitem uma mudança da sede legal com uma decisão do conselho de administração, precisando da aprovação dos acionistas. "O governo está a trabalhar na mudança da lei para que deixe de ser necessária uma assembleia de acionistas, o que poderia adiar uma mudança da sua sede legal em caso de emergência", disse uma fonte à Reuters.
O CaixaBank anunciou que adotará as "decisões necessárias no momento oportuno, sempre com o objetivo de fazer prevalecer os interesses dos clientes, acionistas e empregados". De acordo com o El Mundo, o conselho de administração deverá reunir-se da parte da manhã, de forma extraordinária, para discutir o assunto.
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Esta semana, o banco catalão enviou um comunicado aos seus empregados em que explicava que "é importante comunicar proativamente" aos clientes o seu compromisso em defesa dos seus interesses, que "guiará as decisões futuras que, em caso de serem necessárias, serão tomadas".
De acordo com o El Mundo, caso o CaixaBank decida retirar a sua sede social da Catalunha, as Baleares são o primeiro destino da lista, devido à sua ligação às raízes da instituição financeira - o banco catalão tem origem na chamada Caixa de Pensões para a Velhice e Poupança da Catalunha e Baleares, fundada em 1904.
Mas esta potencial mudança não significa que o CaixaBank iria abandonar as famosas Torres Negras, pois deveria manter Barcelona como a sua sede operacional, como acontece com o Bankia, que tem a sua sede social em Valência, mas a administração comanda as operações a partir de Madrid.
O Banc Sabadell decidiu à tarde mudar a sua sede social para Alicante, decisão tomada durante uma reunião extraordinária do conselho de administração do segundo maior banco da Catalunha. Desde que se soube de manhã que o Sabadell iria tomar uma decisão sobre esta matéria, as suas ações iniciaram um movimento de subida (sessão terminou com um aumento de 6,16%, a 1,69 euros por ação) que contrastou com a descida de cerca de 10 % desde o início da semana, com os investidores receosos das consequências da subida da tensão entre Madrid e Barcelona. O CaixaBank, apesar de ainda se manter na Catalunha, também viu as suas ações subirem 4,93%, ficando acima dos 4,1 euros.
Falando sobre as consequências económicas da crise criada pelo referendo, o vice-presidente da Generalitat e responsável pela pasta da Economia, garantiu que "não vai haver uma fuga de empresas". "Veremos. Esse tipo de previsões foram feitas noutras alturas e nunca aconteceu", afirmou Oriol Junqueras.
O ministro espanhol da Economia afirmou que os projetos de investimento na Catalunha estão suspensos. "Estou convencido de que, neste momento, nenhum investidor nacional ou internacional faça parte de um novo projeto de investimento até as coisas estarem esclarecidas", disse Luis de Guindos em entrevista à Reuters. Para o governante, esta crise política entre Madrid e Barcelona ainda não teve repercussões na economia espanhola.