Greta Thunberg vai a Nova Iorque, mas de veleiro, em nome do ambiente
Greta Thunberg, 16 anos, vai viajar do Reino Unido para os Estados Unidos de veleiro para reduzir o impacto ambiental da sua deslocação. A ativista climática vai à América para participar em duas conferências sobre o clima da Organização das Nações Unidas (ONU).
Troca o avião ou o barco de cruzeiro - que se recusa a utilizar por causa da poluição - por o veleiro de alta velocidade Maliza II, com 18 metros de cumprimento, construído para dar a volta ao mundo em competições. De acordo com a BBC, foi construído para a competição mundial Vendée Globe (2016-2017) e é uma embarcação de alta tecnologia com painéis solares incluídos que geram eletricidade. "Vou passar o oceano Atlântico desde o Reino Unido até Nova Iorque em meados de agosto", informou Greta na rede social Twitter.
A travessia que Greta fará - acompanhada pelo pai, pelo capitão da família real do Mónaco Boris Hermann e pelo documentarista sueco Nathan Grossman - deverá durar duas semanas. Isto embora o percurso exato ainda não esteja decidido.
Chegada a Nova Iorque vai participar em protestos, reuniões e na cimeira da ONU agendada para 23 de setembro. Depois deslocar-se-á de comboio ou de autocarro em direção ao sul para marcar presença na conferência anual de mudanças climáticas de Santiago do Chile, entre 2 e 13 de dezembro, "onde o nosso futuro será praticamente decidido". A jornada faz, segundo o The Guardian, parte de um ano sabático que a ativista decidiu tirar.
Greta Thunberg ficou conhecida pelos seus discursos ambientalistas no verão do ano passado, quando acampou em frente ao parlamento do seu país com um cartaz onde se podia ler: "greve à escola pelo clima". Quando, semanas depois, se iniciou o ano letivo, surgiu o movimento fridaysforfuture, uma greve escolar que tem lugar todas as sextas-feiras, com o objetivo de reclamar mais medidas dos líderes políticos contra as alterações climáticas. A 15 de março, jovens de mais de 70 países juntaram-se ao movimento, numa greve às aulas à escala planetária.
Desde o protesto inicial na sua cidade natal Greta Thunberg tem percorrido a Europa (sempre de comboio, por ser um meio de transporte muito menos poluente que o avião), seja para falar nos parlamentos nacionais seja para se juntar aos protestos nas ruas. "Quero que ajam como se a vossa casa estivesse em chamas. Se a vossa casa estivesse em chamas não estariam a voar à volta do mundo em executiva", disse a jovem no Parlamento Europeu, em maio.
No ano passado, a ativista dirigiu-se ainda aos políticos mundiais sobre a necessidade de diminuir o aquecimento global durante uma conferência climatérica da ONU na Polónia. Voltou a reforçar a sua mensagem perante os lideres empresariais e políticos no Fórum Económico de Davos e nos parlamentos francês e britânico. O parlamento português aprovou em maio deste ano um convite à adolescente sueca para discursar na Assembleia da República.
Em setembro, a adolescente que diz só falar quando "é absolutamente necessário" por ter sido diagnosticada há uns anos com síndrome de Asperg enfrenta um novo desafio: levar a bandeira das alterações climática ao país do Trump, para quem o fenómeno não passa de uma invenção dos cientistas.
Sobre um presumível encontro com o presidente dos Estados Unidos, Greta Thunberg já declarou à agência Associated Press que seria "apenas uma perda de tempo". "Não lhe tenho nada a dizer. Ele obviamente não quer ouvir a ciência e os cientistas".