Forças iraquianas intensificam ofensiva na Cidade Velha de Mossul
Nos últimos dias, a batalha por Mossul ficou marcada por notícias de avultadas baixas civis devido aos bombardeamentos aéreos da coligação internacional, liderada pelos Estados Unidos.
As forças iraquianas - apoiadas por combatentes pehsmergas e milícias xiitas - lançaram uma ofensiva sobre a parte ocidental de Mossul no mês passado, tendo capturado vários bairros, duas das cinco pontes (ainda que inoperacionais) e o aeroporto.
No entanto, a Cidade Velha de Mossul - com as suas ruas sinuosas e apertadas, com becos, edifícios muito próximos uns dos outros e densamente povoada - constitui um desafio mais complicado para as forças iraquianas. A ONU estima que vivam na Cidade Velha de Mossul cerca de 400 mil habitantes.
A Cidade Velha também tem um alto valor simbólico, em primeiro lugar para o Estado Islâmico. Foi aqui, na mesquita de Al-Nuri (perto da rua Faruq) que o líder do grupo jihadista, Abu Bakr al-Baghdadi, fez a sua única aparição em público, em 2014.
Na altura, o EI acabava de tomar Mossul e al-Baghdadi exigiu obediência aos muçulmanos: "Alá deu aos irmãos mujahedeen a vitória, após longos anos de 'jihad' e de paciência... por isso eles declararam o califado e puseram o califa no comando", disse.
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[destaque:Se as forças iraquianas reconquistarem esta parte da cidade, o valor simbólico inverte-se a favor da coligação]
"A polícia federal e as unidades da Divisão de Resposta Rápida [unidade de elite anti-terrorismo] começaram a avançar sobre o eixo sudoeste da Cidade Velha", informou o tenente-general Raed Shakir Jawdat, o comandante da polícia federal, num comunicado divulgado na segunda-feira.
Jawdat disse que um dos alvos específicos da ofensiva era precisamente a rua Faruq, que fica perto da Grande Mesquita de Al-Nuri.
As forças sob o comando do ministério do interior iraquiano já estão dentro da Cidade Velha há algumas semanas, mas têm enfrentado forte resistência e os avanços têm sido lentos.
O Serviço Contra-Terrorismo - que tal como a Divisão de Resposta Rápida é uma das duas forças especiais que lideram a ofensiva em Mossul Ocidental - tem feito progressos em zonas mais a Oeste, não dentro da Cidade Velha.
O brigadeiro Yahya Rasool, porta-voz do Comando Conjunto de Operações iraquiano, disse que as forças do ministério do interior chamaram franco-atiradores para a zona para atirar sobre jihadistas que usem civis como escudos humanos.
[destaque:As forças iraquianas também têm feito disparos de morteiros e foguetes não guiados, armas que constituem um risco grande para as populações civis que se encontrem perto do local da batalha]
Segundo testemunhos recolhidos pela ONU, os jihadistas do Estado Islâmico estão a obrigar os civis a permanecer em suas casas, "em muitos casos fechando-as lá dentro", enquanto tomam posições, com armamento, nos telhados.
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Ao detetarem estes combatentes, as forças da coligação bombardeiam os edifícios, matando estas milícias, mas também os civis no interior das casas.