Menina que relata a guerra síria em parte incerta. Conta esteve desativada
A conta no Twitter de Bana Alabed, a menina de sete anos que relatava o terror de viver em guerra na cidade síria de Aleppo, foi apagada este domingo, voltando a ser ativada um dia depois. Bana escrevia em inglês com a ajuda da mãe, contando a tristeza de viver em pleno conflito na segunda maior cidade da Síria. Seguida por mais de 100 mil pessoas, a criança partilhava vídeos em que mostrava as ruínas da cidade após os bombardeamentos.
Foi Fatemah, a mãe de Bana, cuja família vivia na parte leste de Aleppo controlada pelos rebeldes - e constantemente sujeita aos ataque do exército do regime sírio - quem escreveu uma espécie de mensagem de despedida, antes de a conta no Twitter ter sido apagada, no passado domingo. "Temos a certeza de que o exército está a capturar-nos agora. Vemo-nos noutro dia, querido mundo. Adeus". Foi ontem que as forças do governo forçaram entrada na cidade, bombardeando intensamente a parte controlada pelos rebeldes.
Esta segunda-feira, uma nova mensagem foi publicada e assinada pela mãe. Diz apenas: "Estamos a ser atacados. Não temos para onde ir. Cada minuto parece a morte. Rezem por nós. Adeus."
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O paradeiro da criança continua desconhecido e não é possível saber em que estado está Bana, os irmãos e a mãe.
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Em conversa com a BBC em outubro, a mãe de Bana disse que a filha queria que o mundo ouvisse a voz dos sírios em Aleppo. Nas várias mensagens que partilhava nas redes sociais, a menina lamentava os ataques e contava como as casas dos amigos eram bombardeadas e os companheiros iam morrendo às mãos dos rebeldes e do exército.
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Bana chegou mesmo a atrair a atenção de JK Rowling, a autora da saga de Harry Potter, que lhe enviou todos os livros da história depois de a menina ter escrito que gostava de ler para "esquecer a guerra". Desde que a conta foi apagada, JK Rowling tem questionado nas redes sociais sobre o paradeiro de Bana, que tinha mais dois irmãos, de três e cinco anos, e dizia que queria ser professora.
Desde que começou a ofensiva do exército sírio em Aleppo, no domingo, já terão morrido cerca de 300 pessoas no leste da cidade, onde Bana vivia com a família, e acredita-se que pelo menos 250 mil habitantes estarão enclausurados nas áreas controladas pelos rebeldes. Stephen O'Brien, o líder da ONU para os assuntos humanitários, citado pela BBC, já veio dizer que Aleppo corre o risco de se tornar num gigantesco cemitério, acrescentando que nas zonas controladas pela oposição a fome é tanta que resta apenas aos sírios vasculhar as ruínas e detritos à procura de comida.
Notícia atualizada às 19:50: A conta no Twitter foi reativada