Fogo de artifício em Wuhan: autoridades começam a levantar restrições

Após três dias sem novos casos, autoridades retiraram os primeiros postos de controlo na cidade onde começou o surto do novo coronavírus, que entretanto se transformou numa pandemia.
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Alguns habitantes de Wuhan celebraram com fogo de artifício a retirada dos primeiros pontos de controlo que estavam espalhados por toda a cidade. Após três dias sem registo de qualquer novo caso de infeção por coronavírus, as autoridades chinesas começaram a aliviar as restrições na cidade onde o surto teve início e que foi também a mais afetada, quer no número de pessoas atingidas quer no número de mortos.

O jornal South China Morning Post dá conta de que, nesta sexta-feira, alguns checkpoints que visavam controlar os movimentos das pessoas, numa cidade em quarentena obrigatória desde janeiro, começaram a ser retirados. Mas este ainda não é um regresso à normalidade nesta cidade de 11 milhões de habitantes: de acordo com o mesmo jornal, o centro de comando das operações em Wuhan fez saber que as saídas da cidade continuam fechadas.

Mas há residentes a questionar até que ponto serão fiáveis os dados revelados pelas autoridades. O South China Morning Post cita uma habitante de Wuhan que diz não acreditar nos números oficiais e que, por isso, vai continuar de quarentena: "Acho que é mais seguro ficar em casa."

Andy Wang, um voluntário que tem transportado o pessoal médico de e para os hospitais, diz ao mesmo jornal que ficou contente por ver retirar os postos de controlo e espera agora ser desmobilizado, quando os serviços públicos começarem a funcionar. "Wuhan está quase no ponto de vitória, provavelmente a vida regressará ao normal em breve", afirma este voluntário, dizendo esperar que todos aqueles que estiveram a combater a pandemia possam regressar a casa e reunir-se à família.

Desde a última terça-feira as pessoas que vivem em áreas declaradas livres da pandemia - que não registem nenhum caso há mais de sete dias - já podem circular pelo seu quarteirão, mas a movimentação na cidade ainda não é livre.

"Toda a cidade precisa de ser considerada zona de baixo risco para que as pessoas possam movimentar-se livremente. Esperamos que esse dia possa chegar rapidamente", disse Wu Hao, um especialista da Comissão Nacional de Saúde, à estação televisiva CCTV.

Não é só em Wuhan que se veem os primeiros sinais de algum regresso à normalidade. A correspondente na China do jornal espanhol El País conta, neste sábado, que em Pequim o comércio começou a reabrir aos poucos, com horários cada vez mais alargados, há muito mais pessoas nas ruas e até já há congestionamentos no trânsito em hora de ponta, embora longe da intensidade de um dia normal.

Há três dias que a China não regista casos de contágio no seu território - os que surgem agora são importados de outros países. No total, o país registou mais de 81 mil casos de coronavírus e mais de 3200 mortos, a grande maioria na província de Hubei, onde se situa a cidade de Wuhan.

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