Fidel Castro fala dos dias do fim e "despede-se" dos comunistas em Havana
O líder da revolução cubana, Fidel Castro, fez uma rara aparição pública na terça-feira para falar da morte e encorajar os seus seguidores, discursando no encerramento do congresso do Partido Comunista em Havana. "Em breve, terei 90 anos", assinalou. "Não falta muito para estar como todos os outros. Chega sempre a nossa vez", disse Castro, que celebra o aniversário a 13 de agosto.
Num tom firme, mas com alguma rouquidão na voz, desta vez Castro não falou durante longas horas: o seu discurso não excedeu os 10 minutos, ao longo dos quais se ouviram os comunistas gritando o seu nome. "Talvez esta seja uma das últimas vezes que falarei nesta sala", referiu. "Os ideais dos comunistas cubanos vão permanecer", frisou ainda Fidel.
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Envergando um fato de treino azul, de óculos e barba cinzenta, o líder cubano permaneceu sentado, mesmo quando todos os que o rodeavam se levantaram em sua honra, aplaudindo, inclusivamente o irmão, Raul Castro, que lidera atualmente o regime cubano. Mesmo assim, Fidel aparentou estar mais saudável nesta ocasião do que em anos recentes, depois de várias complicações de saúde o terem obrigado a entregar o poder a Raul, há dez anos.
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Há décadas, esperava-se que a morte de Fidel fosse um fator de desestabilização para Cuba, e a sua morte terá sido mesmo planeada pelas secretas norte-americanas, mas a transferência das responsabilidades para o irmão, de forma faseada e suave, terminaram com este tipo de especulação.
Castro tomou o poder com a revolução de 1959 e dirigiu Cuba até 2006, quando adoeceu. Vive agora em isolamento, escrevendo ocasionalmente artigos de opinião ou recebendo, pontualmente, altos dignitários que visitam o país.
A influência da sua figura icónica atenuou-se com a chegada ao poder do irmão, que introduziu reformas mais liberalistas e acolheu mesmo a visita do presidente norte-americano, Barack Obama, que esteve em Cuba no passado mês de março para conversações que permitam terminar o embargo comercial que continua a separar os dois países. No entanto, Fidel Castro mantém uma autoridade moral entre os residentes, sobretudo os mais velhos, que o respeitam como líder.
Com Reuters
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