Fãs da família real dormem ao relento para ver os noivos
Aos 83 anos, Terry Hutt diz que já cá anda "há muito" e que a sua longa vida lhe permitiu conhecer vários membros da família real inglesa, alguns cujos nomes até já esqueceu. O príncipe Carlos é a sua mais antiga memória e lembra-se ainda do dia em que o filho mais velho de Isabel II nasceu, no Palácio de Buckingham, há 69 anos.
O tempo passou e Terry já mal consegue deslocar-se sem a ajuda da sua bengala, orgulhosamente decorada com as cores da bandeira do Reino Unido. Mas nem as limitações físicas impedem este fã da família real inglesa de vir a Windsor assistir à união do príncipe Harry e Meghan Markle. "Este casamento é especial. Eu sempre fui um fã da princesa Diana, que vi algumas vezes, e os seus filhos são especiais porque são filhos dela e serão o futuro da nossa monarquia", disse ao DN.
A amiga Maria Scott concorda. "Meghan é uma pessoa especial mas é o casamento do último filho de Diana e Harry tem um lugar muito especial no coração do povo britânico. Muitas pessoas já estavam preocupadas com ele, por estar sozinho há tanto tempo, e é ótimo vê-lo feliz agora, a casar, a constituir a sua própria família. Diana estaria a explodir de orgulho", garante.
John Loughrey, outro amigo que veio com Terry para Windsor, explicou ao DN que os príncipes William e Harry herdaram da mãe "as suas qualidades de se importarem com as pessoas, mostrarem compaixão, serem bons com as outras pessoas (...) eles têm o toque da mãe", afirmou.
John, Maria e Terry são já caras conhecidas dos jornalistas que cobrem eventos reais. Não falham um e ainda no mês passado dormiram duas semanas à porta do Hospital de Saint Mary, no oeste de Londres, enquanto esperavam o nascimento do terceiro filho do príncipe William e Kate, o príncipe Louis.
"Estivemos nos nascimentos de todos os filhos do príncipe William e de Kate e nos seus batizados. Estivemos naturalmente no casamento de William e Kate. Vamos todos os anos às celebrações do aniversário da princesa Diana, conhecemos a rainha aqui em Windsor, aquando do seu 90.º aniversário e demos-lhe flores," explicou ao DN Maria Scott.
Três semanas depois do nascimento do príncipe Louis o grupo volta à rua, agora para ver o casamento do príncipe mais novo com a atriz norte-americana. Chegaram à vila que a rainha elegeu como morada preferida no domingo passado e dormiram as duas primeiras noites num hotel.
Mas na terça-feira o aumento do movimento no centro de Windsor e a colocação de grades a delimitar as zonas do público fez o grupo mudar-se para uma esquina em frente ao castelo e mesmo ao lado da estátua da rainha Vitória.
Proibido acampar junto ao castelo
Maria Scott, que veio de propósito de Newcastle, bem no norte de Inglaterra, lamenta que não a tenham deixado acampar junto ao castelo. "Podemos estar aqui sentados mas não podemos trazer tendas como quando foi do casamento de William. Disseram-nos que só podíamos trazer cadeiras e algo para nos taparmos e foi isso que fizemos. Trouxemos cadeiras, sacos-cama e algo mais para o caso de chover. E estamos preparados para tudo", garantiu.
As autoridades locais só permitem acampar na chamada Long Walk, uma zona verde a 500 metros do castelo e onde também passará o cortejo dos noivos, mas Maria diz que é ali que quer ficar. "Quero ficar aqui na colina do castelo porque este é o melhor sítio para estar", assegura.
O grupo não passa despercebido e muitos são os que pedem para tirar fotografias e selfies, para além dos jornalistas que, apesar de já os conhecerem, não resistem a falar com eles mais uma vez. Terry é o que chama mais a atenção por estar vestido com um fato feito num tecido com o padrão da Union Jack, a bandeira britânica, e pelo chapéu e gravata e condizer.
Faça chuva ou faça sol, John anda sempre com um gorro - igualmente com o padrão da bandeira - onde orgulhosamente expõe vários crachás alusivos a diferentes eventos reais. Também ele está disposto a tudo para ver o novo casal real cujas qualidades destaca. "Eles são fenomenais. Eles vão surpreender toda a gente. Eles vão continuar as campanhas de solidariedade. Vê-se que há muito amor entre eles e que estão ligados. Dá para ver a química entre eles", disse.
O casamento do príncipe Harry e de Meghan Markle terá lugar no Castelo de Windsor, mais propriamente na Capela de St. George, um edifício datado do século XIV e que já foi palco de vários casamentos reais. Foi ali que casou o filho mais velho da rainha Vitória, Eduardo VII e, mais recentemente, foi também nesta capela que casou o filho mais novo de Isabel II, o príncipe Eduardo. Por último, foi ainda neste edifício que o príncipe Carlos viu abençoada a sua união com Camilla Parker--Bowles, em 2005.
Quanto ao futuro da monarquia, para estes fãs, não há duvidas de que está em boas mãos e, para John, "Meghan é uma mais-valia para a família real por ser a primeira pessoa birracial a fazer parte da monarquia britânica."
Estes amigos parecem estar de acordo quanto a quase tudo mas quando se fala sobre quem deve ser o futuro rei, as opiniões divergem. "Vou ser honesto consigo, o próximo rei deve ser o príncipe Carlos. Temos de aceitar as coisas como são. Ele será um bom rei porque ele tem cumprido o seu dever desde menino e ele sabe o que fazer", defendeu John. Já Maria disse ao DN que preferia ver o príncipe William a suceder à avó. "Ele é jovem, fresco, moderno, e é o que o país precisa mas, se calhar, ainda não está preparado para isso. Ele quer criar os seus filhos e dar-lhes uma vida o mais normal possível, por isso, apesar de muita gente querer que ele seja rei, talvez ele prefira manter o seu estilo de vida atual enquanto puder", afirmou.