Extremistas infiltram-se na marcha pelo clima em Paris. 163 detidos
Black blocs juntaram-se à marcha e causaram incidentes com a polícia. A Greenpeace apelou aos manifestantes para abandonarem a manifestação e criticou a ação das forças de segurança.
Vitrinas quebradas, bancos vandalizados, barricadas incendiadas, 163 pessoas detidas. Foi o balanço da marcha pelo clima que reuniu 15 mil pessoas em Paris, e no qual a polícia identificou um milhar de manifestantes radicais. Aos ambientalistas juntaram-se os coletes amarelos, que realizaram a 45.ª manifestação.
"Não corra riscos e saia da marcha pelo clima. As condições para uma marcha não violenta não estão reunidas", tuitou a Greenpeace, denunciando "o lançamento de gás lacrimogéneo a manifestantes não violentos e às famílias".
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No final da manifestação, a Greenpeace voltou a criticar a polícia, ao mostrar fotografias da ação das forças de segurança.
Outra ONG, a Youth For Climate, também recorreu ao Twitter para enviar a mesma mensagem antes de mudar de ideias. "É um erro de comunicação, a situação no terreno é desestabilizadora, não estamos a pedir para sair, mas a pedir cautela", afirmo.
O desfile iniciou às 14:30 no centro da capital e foi logo marcado pela ação violenta do grupo de extrema-esquerda black blocks e a reação da polícia.
Outras promotoras da manifestação criticaram a ação da polícia. "45 minutos após o início, a polícia arremessou várias granadas de fragmentação [não letal, libertam balas de borracha] sem aviso prévio", denunciou uma porta-voz da ANV-COP21 à AFP. "Os manifestantes tiveram de fugir. Estão chocados, chocados, chocados", continuou, denunciando "uma reação completamente desproporcional por parte da polícia".
A polícia estimou em cerca de mil manifestantes radicais do movimento de extrema-esquerda e dos coletes amarelos presentes na manifestação, dos quais uns 150 seriam black blocks.
Segundo a AFP, a polícia, que mobilizou 7500 efetivos, usou gás lacrimogéneo e também disparou balas de borracha, um recurso controverso e que tem sido responsável por muitos ferimentos durante as manifestações dos coletes amarelos.
Antes do início da manifestação, os organizadores apelaram à civilidade: "Todos são bem-vindos. Quem não se opõe à justiça climática e à justiça social deve respeitar o consenso da ação não-violenta", disse um dos organizadores.
A ponte de Tolbiac foi ocupada e no final ficou pendura uma faixa com a frase "Macron poluidor do planeta".
Alguns setores têm apelado para uma convergência entre coletes amarelos e ativistas pelo combate às alterações climáticas. "Todos estão envolvidos no desfile, as palavras de ordem são muito semelhantes, ou até as mesmas", disse Jean-Claude, de 75 anos, que participou em manifestações de coletes amarelos antes da marcha.
Na 45.ª manifestação dos coletes amarelos houve uma novidade: pela primeira vez a maioria dos manifestantes não usou o colete.
As marchas estenderam-se a outras cidades francesas. Sem incidentes, cerca de 5.000 pessoas reuniram-se em Lyon, e 3.600 em Estrasburgo.