Enquanto pelo mundo se derrubam estátuas, na Alemanha extrema-esquerda inaugura uma de Lenine

A estátua de ferro foi inaugurada em Gelsenkirchen, na antiga Alemanha Ocidental, numa altura em que por todo o mundo se destroem monumentos a figuras históricas

Em vários países, estátuas de polémicas figuras históricas estão a ser derrubadas, numa resposta à morte do afro-americano George Floyd às mãos de um polícia branco. Mas, na Alemanha, um pequeno partido comunista inaugurou neste sábado (20 de junho) uma nova estátua de homenagem ao antigo líder soviético Lenine.

Mais de trinta anos depois da queda do muro de Berlim, o pequeno Partido Marxista-Leninista da Alemanha (MLPD) inaugurou a estátua de Vladímir Ilich Uliánov, mais conhecido como Lenine. O líder da revolução soviética de 1917, nascido em 1870, liderou os destinos do país até à sua morte, em 1924.

A estátua foi inaugurada em Gelsenkirchen, na região do Ruhr, local onde flutuam as bandeiras vermelhas e há por toda parte o cheiro de salsichas assadas. Segundo a minúscula formação de extrema-esquerda, este Lenine de metal é o primeiro deste tipo a ser erguido na antiga Alemanha Ocidental.

"Com a crise financeira e a crise do coronavírus, os jovens entenderam que o sistema capitalista em que vivemos não gera mais esperança", disse Léna, de 23 anos, ativista comunista. Uma num grupo de cerca de 800 pessoas que, segundo dados dos organizadores, foi à inauguração

A estátua de 2,15 metros de altura, feita na então Checoslováquia em 1957, deveria ter sido inaugurada em março na sede nacional do partido, mas o ato teve de ser adiado devido à pandemia do novo coronavírus.

"A era dos monumentos em homenagem a racistas, antissemitas, fascistas, anticomunistas e outras relíquias do passado ficou claramente para trás", ressaltou a presidente da MLPD, Gabi Fechtner, em comunicado. Lenine "era um pensador à frente de seu tempo de importância histórica mundial, um combatente pela liberdade e pela democracia", observou.

Gabi Fechtner descreveu o seu partido como "muito moderno", que se inspira em grandes figuras históricas. E elogiou Lenine, os filósofos e fundadores do comunismo, Karl Marx e Friedrich Engels, o fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, e José Estaline (que sucedeu a Lenine à frente dos destinos da União Soviética).

Mas nem toda a gente gostou da estátua. "Lenine é sinónimo de violência, repressão, terrorismo e sofrimento humano horrível", indicaram representantes de partidos tradicionais no município, quando passaram uma resolução contra a estátua no início de março. Disseram que não iam "tolar um símbolo anti-democrático" na região, recorrendo à justiça para o travar.

Mas um tribunal superior da região rejeitou o pedido, que alegava que teria um impacto negativo num edifício histórico que se situa no mesmo local.

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