Ex-líder do Ku Klux Klan revê-se em Bolsonaro
David Duke, ex-líder do Ku Klux Klan e rosto mais visível da organização nos Estados Unidos, revê-se nas ideias de Jair Bolsonaro, candidato de extrema-direita à presidência do Brasil que lidera as sondagens com 18 pontos de vantagem sobre Fernando Haddad, de centro-esquerda. "Ele soa como nós", disse o historiador e político norte-americano.
"Soa como nós, é um candidato muito forte e um nacionalista, além disso é totalmente um descendente europeu, ele se parece com qualquer homem branco nos Estados Unidos, em Portugal, em Espanha, em França ou na Alemanha", afirmou Duke no seu programa de rádio a que a BBC teve acesso.
Duke, que chama o líder sul-africano Nelson Mandela de terrorista e nega o Holocausto, faz no entanto um reparo a Bolsonaro pela sua proximidade a Israel. "Ele está apenas a tentar adotar a mesma estratégia de [Donald] Trump."
Referindo-se ao candidato do PSL como "incrível Bolsonaro", Duke sublinhou que "os movimentos nacionalistas, que são basicamente pro-europeus, estão definitivamente varrendo o planeta mesmo em um país que você jamais imaginaria", a propósito do Brasil.
O Ku Klux Klan começou a atuar nos Estados Unidos no final do século XIX, torturando e linchando negros do país, usando capuzes brancos para protegeram a sua identidade.
Duke, que ainda antes de liderar o Ku Klux Klan fez parte do extinto Partido Nazi da América, liderou os protestos de Charlottesville do ano passado ao lado de milhares de manifestantes empunhando tochas da organização e fazendo saudações nazis.
Bolsonaro é acusado pelos adversários, entre outras coisas, de racismo. Em agosto, o Supremo Tribunal Federal ilibou-o de uma queixa do Ministério Público nesse sentido, depois de se ter referido em termos considerados ofensivos a quilombolas, membros de comunidades rurais de afrodescendentes, e a indígenas. O seu candidato a vice-presidente, general Hamilton Mourão, também foi criticado por associar negros a "malandragem" e índios a "indolência".
Em São Paulo