Estavam 579 quilos de droga em autocarro que matou 24 pessoas em acidente
O acidente de autocarro em que morreram 24 pessoas está a revelar ilegalidades na circulação fronteiriça entre a Colômbia e o Equador, com o tráfico de droga e de pessoas a ser uma realidade que preocupa as autoridades. A polícia equatoriana encontrou um total de 584 pacotes de droga, com um peso de 579 quilos, escondidos num compartimento debaixo de bancos do veículo de transporte de passageiros que chocou com camião na terça-feira, a cerca de 30 quilómetros de Quito, capital do Equador.
Foi um cão-polícia que dois dias após o desastre, durante as verificações policiais, detetou o produto ilegal. "Ao haver o sinal positivo, foi detetado um compartimento escondido sob os assentos do autocarro", explicou o general Carlos Alulema na sexta-feira. Este diretor da unidade dos anti-narcóticos havia avançado a descoberta de pelo menos meia tonelada de substâncias, especificando que as primeiras amostras apontam para um composto de marijuana, conhecido como creepy. Pode valer no mercado mais de 1,5 milhões de euros.
Não é a primeira vez que autocarros de turismo são usados para introduzir substâncias ilícitas no Equador. A Polícia equatoriana, que colabora com a congénere colombiana, confirmou que há outros três casos sob investigação e que o Ministério Público já abriu uma investigação por tráfico de drogas para este caso do autocarro envolvido no acidente com 24 mortes. "Esta é a primeira vez que temos provas", explicou Álvaro Osorio, procurador da Luata contra o Crime Organizado na Colômbia, adiantando que dispõem de "informações de outros casos com drogas e dinheiro".
A maioria dos passageiros e das vítimas mortais eram cidadãos colombianos e venezuelanos. O veículo conseguiu entrar no Equador sem a devida documentação, o que originou já a demissão de sete funcionários estatais por não cumprirem os controlos apropriados. A procuradora do Equador, Ruth Palacios, disse na mesma conferência de imprensa que o processo or procura esclarecer os detalhes do crime e determinar os culpados. O motorista do autocarro, que sobreviveu ao acidente, está sob custódia policial.
No autocarro viajavam 22 pessoas da cidade colombiana de Cali que, segundo familiares e amigos, não pagaram nada pela viagem. Segundo alguns testemunhos, uma mulher andaria pelos bairros a oferecer viagens de férias gratuitas, outros falam de um político. Das 24 vítimas mortais, 19 eram colombianas. O pagamento das viagens está por confirmar, mas as autoridades investigam se estas pessoas foram usadas como disfarce para os traficantes.