Esta é a carta mais antiga de uma sufragista militante que se conhece
O documento data de 1905 e foi descoberto no Canadá por uma historiadora de Oxford. Annie Kenney, que com Pankhurst foi a primeira sufragista presa, escreveu à irmã um dia depois de ter saído da prisão
A carta foi escrita um dia depois de Annie Kenney ter saído da prisão, em 1905. Nela a sufragista conta à sua irmã Nell que tinha uma centena de pessoas à sua espera quando saiu do estabelecimento prisional de Manchester, além de um bouquet oferecido pelos socialistas de Oldham (em Manchester), e que encontrou depois duas mil num protesto pelo direito ao voto. "Posso garantir-te: Manchester está viva", escrevia.
"É o primeiro registo de uma mulher acerca do que é ser presa pelo voto", afirmou à BBC Lyndsey Jenkins, a historiadora de Oxford que encontrou o documento num arquivo do Canadá, para onde Nellie emigrou, enquanto investigava a vida das sete irmãs Kenney. "Não temos nada como isto", acrescentou, referindo-se àquela que é agora a mais antiga carta que se conhece escrita por uma mulher envolvida em protestos sufragistas.

A carta que Annie Kenney escreveu à irmã
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A historiadora nota a coragem de Annie Kenney, inglesa da classe trabalhadora que começou a trabalhar aos 10 anos numa fábrica de algodão e liderou a campanha das sufragistas entre 1912 e 1914: "Nesta altura elas não sabem o que vai acontecer, que elas vão conseguir."
Kenney, que a historiadora diz nem sempre ter o devido reconhecimento, foi a primeira sugrafista presa, com a mais conhecida Christabel Pankhurst, na sequência da interrupção organizada de um encontro público com um ministro, em que as sufragistas exigiram respostas acerca de quando chegaria o seu direito ao voto. Foi nesta altura também, crucial para o movimento, em que apareceram os conhecidos cartazes onde se lia "Votes for women".
"Ela arriscou tudo. Este podia ser o maior erro da sua vida. Ela não sabe que vai haver uma reação positiva", acrescenta ainda Jenkins. Annie Kenney foi presa mais do que uma vez e participou em várias greves de fome.
A carta está agora em exposição na Galeria de Oldham.